CANHOTICES

a pobreza no olhar
do povo ajoelhado.
Tementes.
Um povo resignado.
O sofrimento.
Apetece gritar:
Força Amigo!
Coragem Amiga!
Caminhem com a vossa fé
mas de pé,
Levantados.

...mas o silêncio,
sempre o velho silêncio.
Nada dizemos.
Podia gritar agora, aqui,
as maiores frases revolucionárias
inventadas pela humanidade.
Podia Cantar agora
todas as canções mais impetuosas.
Ler os poemas, falar dos grandes
génios libertadores da humanidade.
No fim desfraldaria todas as bandeiras
da liberdade, da esperança, do futuro,
que os povos
de todos os tempos, de todos os lugares
já acenaram,
que eles continuariam...
ali na serra
resignados,
ajoelhados.

Hoje, para eles só há esta verdade!

Porque não entendo eu este
tamanho mistério?
Quem me explica?
Eu que já li os clássicos,
os poemas,
já cantei as canções
da liberdade,
já andei de bandeira na mão,
fico em silêncio.
Ao vê-los chegar
ajoelhados.

Resta, amigos,
um profundo respeito.