CANHOTICES

...em Torres Novas, Ribatejo, Portugal. Do lado esquerdo da vida.

22.10.06

VASCO, SOMOS A MURALHA DE AÇO

Publicada por zemanel |


Dada a minha idade, lembro-me muito pouco do companheiro. mas conheço a História, grandiosa! O revolucionário, amigo do povo. O Homem que tentou construir outro país para a minha geração - fazendo do sonho transformação concreta. Um país Solidário e Justo de Homens e Mulheres Livres.
Lembro-me de o ver em Torres Novas, na inauguração ao monumento da torrejana Maria Lamas, no principio dos anos 90. Foi no final da cerimónia e Vasco vinha quase sozinho, passo lento, pela avenida Manuel Figueiredo. Os meus pais não resistiram e foram ter com companheiro - o meu pai (que ajudara a fundar nos alvores da revolução uma cooperativa oprária e metalúrgica, na sequência da falência fraudulenta pelo antigo patrão a seguir ao 25 de Abril) falou-lhe dos sonhos comuns de Abril. A minha mãe ofereceu-lhe um cravo. Lembro-me do Vasco perguntar: uma cooperativa? hoje?ainda existe? (A cooperativa viria a encerrar poucos anos depois) Eu, limitei-me a ficar calado. Envergonhado, tímido, não sei...Embasbacado com a sensação de ter ali à minha frente, em carne e osso, uma grande figura da história de Portugal.O Vasco voltaria a Torres Novas por iniciativa do Cine Clube, já no século XXI. Infelizmente, não pude estar presente. Há desencontros assim, com a história. Ah, as coisas que eu podia ter-te perguntado Companheiro Vasco...


O recinto da Aula Magna foi tão pequeno para receber tanta gente que foram centenas as pessoas que ficaram de pé. Durante mais de três horas, assistiram a um dos mais belos momentos a que pode assistir um homem de ideias livres. Por ali passou o coro dos mineiros de Aljustrel com os seus fatos-de-macaco e capacetes, o coro das camponesas de Baleizão de Catarina Eufémia, Manuel Freire com a sua interpretação da 'Pedra Filosofal', o coro da Academia de Amadores da Música relembrando Fernando Lopes-Graça, o pianista Fausto Neves e ainda um poema gravado por Maria do Céu Guerra. O povo que acudiu à Cidade Universitária pôde ainda ouvir o General Pezarat de Correia, o ex-reitor da Universidade de Lisboa, Barata Moura, o Coronel Vicente da Silva e Vasco Gonçalves Laranjeira.Mas que espectáculo tão bizarro. Que acontecimento social tão pouco referido na comunicação social foi este? Como pôde escapar às poderosas máquinas da imprensa? Será que se esqueceram? Será que houve uma catástrofe e enviaram todos os jornalistas para outros locais? Será que houve uma avaria geral?Não, nada disso. A homenagem ao General Vasco Gonçalves, Primeiro-Ministro de vários governos provisórios durante o Período Revolucionário Em Curso, é um compromisso de luta. Camponeses, operários, professores, médicos, estudantes, poetas, músicos, jornalistas, políticos, todos presentes para recordar o único Primeiro-Ministro português que esteve do lado do povo português. Naquela sala, pequena para tantas lágrimas derramadas, muitos foram o que pensaram nos tempos em que eles próprios eram o sujeito da sua própria história, donos do seu próprio destino. Mas mais que recordar sabiam e sabem que só a luta poderá verdadeiramente homenagear todos aqueles que deram o melhor das suas vidas pela liberdade do Homem.A comunicação social sabe disso. Por isso não estava lá.

1 canhotices:

PC disse...

Tive pena de não conseguir estar presente.São momentos destes que nós recordmos para sempre..para ele em geito de homenagem a ele e Lopes Graça dizemos todos:

"Vozes ao alto, vozes ao alto!
Unidos como os dedos da mão,
Havemos de chegar ao fim da estrada,
Ao sol desta canção."

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