Aquele dia para Zé António era um dia como todos os outros. Pintor da construção civil naquele dia contrataram-no para rachar e partir lenha. Jovem, alto e robusto era uma tarefa talhada para ele. Porque estava sempre pronto a dizer sim. E não se podia recusar trabalho.
Já teria rachado uns bons kilos de lenha, quando passam por ele e lhe dizem: " Zé, abriram as inscrições para os Bombeiros!"
Tal como estava, sem pensar ou hesitar, Zé António, de machado na mão correu e inscreveu-se.
Foi o 1º Bombeiro de Torres Novas. No quadro atribuíram-lhe o nº 4 - os primeiros números foram para as chefias. Passaram 75 anos e desde 5 de Outubro de 1936, muitos Zés Antónios, gente do povo mais humilde, cumpriram o lema VIDA POR VIDA. Até porque os Bombeiros durante os seus primeiros anos tinham simultaneamente uma função social importante - muitas famílias carenciadas tinham o seu chefe de família nos bombeiros e, era nos bombeiros que recebiam roupas, livros, etc. Muitas famílias de Bombeiros tinham por exemplo, noite de Natal, graças a esta associação. E tantos que por lá passaram! Assim de repente vem-me à ideia o Carrelo já velhote a descer a Rua Miguel de Arnide ao toque da sirene. Ou o Alfredo, falecido ainda jovem, a descer vertiginosamente a minha rua na bicicleta sem travões. Ou ficar à espera de ver o padrinho no jipe, quando passavam na rua e perguntávamos onde era o fogo. Ou o melhor de tudo, na férias grandes, irmos uma série de putos ver sair os bombeiros no quartel velho, assim que a sirene tocava.
Foram hoje comemorados 75 anos. Vivam os BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS TORREJANOS!
Poucos conhecem a história verdadeira do JOSÉ ANTÓNIO PEREIRA BICHO - o homem a quem infelizmente só durante poucos anos tive a oportunidade de chamar AVÔ BICHO, nas visitas dominicais aos meus avós das Casas Altas.
Desculpem lá, maçar-vos com esta estória.
1 canhotices:
Anda um gajo a pagar quotas e a dar donativos para depois os bombeiros oferecerem almoços a 300 pessoas!
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