Ary dos Santos, Cesariny, Natália Correia e Mário Viegas tinham um traço comum: chamar os bois pelos nomes! Mesmo com as maiores discordâncias fazem-nos falta- sobra-nos o Cesariny. Portugal não pode ser tão bem comportadinho com tem sido.
Falemos da Natália.
Vagueou politicamente pelo PS, pela AD e pelo PRD. Sempre irreverente: na poesia e na vida. Lembro-me de uma vez na RTP ( muito pouco tempo antes de morrer) ter tido uma acesa discussão com o Professor Pádua sobre hábitos de saúde. É óbvio que o Professor tinha razão - mas o inconformismo anti-proibicionista revelado pela Natália foi sintomático de toda a sua vida!
Em 1982, no debate sobre o aborto, um pobre deputado do CDS de nome João Morgado proferiu:
"«O acto sexual é para ter filhos»"
Natália de pronto respondeu em forma de poema! Logo ali na Assembleia!
Natália em 1982, sempre actual:
Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -uma vez.
E se a função faz o órgão
- diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
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