CANHOTICES

...em Torres Novas, Ribatejo, Portugal. Do lado esquerdo da vida.

14.10.06

Praça 5 de Outubro

Publicada por zemanel |


A quem cabe o desenho das cidades?
A pergunta impõe-se a propósito do projecto de "requalificação" da praça 5 de Outubro. Há 2 ou 3 anos surgiu um projecto de qualificação da Praça - coração da cidade. Fez-se um mini debate público com opiniões a enviar pela internet para a Câmara. Apenas a CDU promoveu um debate público, bastante participado aliás. O que nos remete de novo para a pergunta inicial.
A quem cabe o desenho das cidades?
Do projecto que foi aprovado vai-se sabendo muito pouco -e aquilo que se vai sabendo assusta, e muito. O projecto vai arrancar e a população de Torres Novas deveria saber o que se passa. A Praça está localizada na Freguesia de Santa Maria e, por exemplo, neste mandato, não foi apresentado na Assembleia de Freguesia qualquer projecto. Revelador não?
A Praça é o coração da cidade - e com o coração deve ter-se muito cuidado.
O projecto é do municipio e penso ser da autoria do arquitecto/vereador Pedro Lobo Antunes - espero não estar a cometer uma injustiça.
Não se discute a capacidade do arquitecto, mas a intervenção urbana deve ser cada vez mais, por um lado civicamente participada e por outro deve procurar ser multidisciplinar.
Esta intervenção na Praça 5 de Outubro carece destas duas exigências.
E se quanto à discussão pública estamos conversados, conhecendo o estilo autocrático de quem gere a Câmara Municipal de Torres Novas, lançamos um repto à humildade do senhor vereador Pedro Lobo Antunes:
Senhor arquitecto o desenho das cidades de hoje não pode ser um exclusivo da arquitectura.
Uma intervenção urbana no coração da Cidade, que é o seu símbolo, exige a participação e a criação de uma equipa de geógrafos, paisagistas, economistas, comerciantes, sociólogos e historiadores. Todos eles têm um lápis que desenha a Cidade. A Intervenção Urbana, na Polis, no Espaço Público comum é mais que um desenho técnico num estirador. É memória, é vida, é arte e futuro.
Senhor Arquitecto/ vereador Pedro Lobo Antunes, tenha isto em consideração, pedimos-lhe. Não porque pretendemos que não se requalifique a Praça. Não pretendemos emperrar processos e obras. Mas como deve saber dos seus irmãos médicos, quando tocamos em órgãos vitais, devemos ser decididos mas ter os cuidados indispensáveis para que a intervenção não seja uma mera experiência científica. É assim na medicina. É assim na Intervenção Urbana.
Respeite-se a Praça 5 de Outubro. No mínimo.

1 canhotices:

Erva disse...

Quando fui para o Porto há alguns anos, a Avenida dos Aliados era muito bonita, tinha calçada portuguesa, tinha flores que davam cor à cidade, como diz GR. Deixei o Porto e voltei para Torres Novas, há cerca de um ano, não voltei ainda para conhecer a nova Avenida dos Aliados, mas pelo que vi na televisão e pelo que me foi descrito por amigos o que foi feito não se ajusta minimamente na cidade.
Desde sempre me lembro da praça 5 de Outubro como um ponto de encontro, faz parte da história da minha vida e, penso que da vida de todos os torrejanos, e claro, faz parte da história da cidade. Quando ouvi falar na requalificação da praça fiquei, como se costuma dizer "com um pé atrás". Claro que a requalificações é importante, mas devo dizer que a maior parte das obras de requalificação que são feitas por este país fora não requalificam nada, apenas "desqualificam" os locais, apagando vestígios de história que marcam a nossa cultura.
Não podemos permitir que estas obras arranquem sem sabermos claramente o que irá ser feito!

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