CANHOTICES

...em Torres Novas, Ribatejo, Portugal. Do lado esquerdo da vida.

4.7.06

Torres Novas Cidade 21 anos - 3 ( a sociedade)

Publicada por zemanel |


Em 1985 as pessoas da Zona Alta vinham à vila. E diziam-no quando vinham ao centro! Ainda hoje passados 21 anos, vem-se à Vila.
Eram bem diferentes os limites físicos…A Vila terminava junto à Capela de Santo António e, toda as urbanizações circundantes à Av. Sá Carneiro eram inexistentes. O Colégio Andrade Corvo era considerado fora da vila e a Serrada Grande era um lugarejo distante…Do outro lado a Cidade estendera-se timidamente para lá da Escola, com a criação da Av. Manuel Figueiredo que ligava ao Estádio Municipal e ao novo “Ciclo Preparatório” por meio de um olival…Claro que a Silva era apenas uma miragem.
Não existiam hipermercados e o grande Supermercado da moda era o Solmira com 2 lojas – uma na av. 25 de Abril e a recém inaugurado na Rua de santo António!!!!
De resto eram os mini-mercados que dominavam a venda a retalho!
O mercado municipal à terça –feira tinha uma importância vital. Nesse tmpo a vila ainda era invadida por carroças. O mercado diário que funcionava na Praça do Peixe, era ainda pujante com verduras, legumes, talhos e peixe. Quem entrasse pelo lado do túnel ouvia de imediato a velha Pechincha peixeira apregoando a sardinha linda.
Pastelarias eram praticamente inexistentes – a Pastelaria Vítor Pinto já encerrara, a Abidis definhava e a Vicente e Madruga estava a dar os primeiros passos. Para se beber café, na zona alta dominavam o Pérola e o Planalto. Cá em baixo, as classes médias frequentavam o Império, mas o grande café da vila, era o Café Portugal. Frequentado democraticamente por pessoas de todas as classes, era ponto de encontro obrigatório. Antes do 25 de Abril, tinha sido ponto de encontro de uma certa intelectualidade e em, 1985 mantinha uma aura respeitável. As mesa de mármore, os azulejos na parede, o balcão, a velha máquina registadora, os empregados ( o sr José, lembram-se) impecáveis na função de bata azul eram uma marca distintiva. Como sinal dos tempos, o Café Portugal deu lugar a um Banco. Por esses tempos também era hábito parar na “Esplanada do Mourão” nos passeios que se davam ao Domingo na Avenida.
A poluição do rio parecia um mal crónico. Talvez por isso nascida recentemente a Associação do Património, liderada por José Ribeiro Sineiro lutava afincadamente pelo ambiente em Torres Novas. As suas jornadas do Ambiente nunca deveriam ter terminado. Aliás o movimento associativo nessse tempo era altamente influente. O MIC (movimento Inter colectividades) renascera em 1984.O Cine Clube preparava as bodas de prata. Toda a gente participava no mundo associativo. Até o elitista e burguês “Club Torrejano” mantinha a sua actividade na Praça 5 de Outubro e, só por convite lá se entrava. Mas também nesse tempo havia colectividades como o Núcleo Local da Associação Portugal- RDA, a Associação Portugal-URSS ( em 1985 a direcção era presidida por Joaquim Canais Rocha) que traziam frequentemente ranchos do Leste a actuar, esgotando o Cine Teatro Virgínia.
O Cine Teatro ainda não previa a crise do cinema. Aos fins de semana, sem concorrência na região, exibia os grandes filmes de Hollywood enchendo as cadeiras de madeira da plateia, 1º balcão e do piolho. Às Sextas à meia noite, proporcionava notes de prazer, com sessões de cinema Hard-Core, que ajudavam a manter a casa…
Lia-se o Almonda, mas descobria-se o prazer de ouvir Rádio. Na altura, em 102,5 MHZ, funcionando clandestinamente nascia a Rádio Local de Torres Novas. Na casa de Fernando Diniz Alves a mão e a voz do Padre Amílcar provocavam uma pequena revolução. Foi também em 1985 pela mão de Amílcar Fialho que nasceu a Feira Nacional dos Frutos Secos em Outubro.
A vida nocturna era quase inexistente. Havia a curiosidade da casa de alterne “A Chaminé” num tempo em que não havia imigração de Brasileiras e ucranianas.
Mas a grande atracção da região era o FAME CLUB. Um pequeno clube nocturno, tornar-se –ia nesses anos na única Discoteca da região. Torres Novas abria-se ao mundo…mesmo sem auto-estrada!

2 canhotices:

jss disse...

está muito, muito bom...

Conexões disse...

O fame irá deixar saudades a muitos especialmente e a quem lá trabalhou fui DJ residente após a saida do Jorge Branco, durante 3 anos e meio e estive a frente da musica que rodava, bons tempos grandes noites e os amigos que se encontravam naquele espaço, um abraço.
Sou Torrejano com muito gosto e a minha cidade é e continuara a ser única acolhedora bonita, e muito característica.

Subscribe