A comunicação social anda muito desgostosa. A cerca de um mês do congresso do PCP não há "sangue"!- e não é por falta de esforço...andam desesperadamente em busca de histórias escabrosas.
Depois da novela da "piscadela" de olho ao Bloco, da novela Agostinho Lopes, seguiu-se hoje o episódio Octávio Teixeira e a sua entrevista ao Rádio Clube Português e amplificada pelo Expresso e afins. Inclusive no site do Bloco de Esquerda.
Em primeiro lugar esclareça-se:
1 - as Teses estão neste momento em discussão ( num amplo debate por todo o país, procurando todos os militantes do Partido.)
2 - Os militantes do Partido têm voz para poderem discordar das teses no seu conjunto ou parcialmente. Aliás dada a extensão do documento que é público ( algo próprio de um partido que se afirma na concepção e na prática com Paredes de Vidro) é perfeitamente natural que num ponto ou noutro haja militantes que apontem discordâncias - podendo inclusive apresentar ao congresso propostas de alteração ( independentemente de virem a ser ou não delegados do congresso). Esta regra vale para todos os militantes, independentemente das responsabilidades assumidas no passado ou no presente e portanto vale igualmente para o militante Octávio Teixeira.
Mas afinal o que afirmou Octávio Teixeira, que tanto escândalo levantou:
"Nunca a Coreia do Norte foi considerada pelo PCP como um país socialista e não vejo razão nenhuma para alterar essa posição".
A minha interpretação pessoal é que o PCP nas teses mantém esta concepção. Por mim interpreto-o assim. Por mim assino por baixo, neste ponto as teses e subscrevo a opinião de Octávio Teixeira - sem espinhas!!!
Analisemos as teses:
Os jornais ( e até já o primeiro ministro o fez) têm citado frequentemente o seguinte parágrafo das teses:
"Importante realidade do quadro internacional, nomeadamente pelo seu papel de resistência à «nova ordem» imperialista, são os países que definem como orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista - Cuba, China, Vietname, Laos e R.D.P. da Coreia" .~
"Independentemente das avaliações diferenciadas em relação aos caminhos e às características destes processos, e das interrogações e inquietações que nos possam suscitar, face à concepção programática própria do PCP de socialismo para Portugal, mas entendendo que não há modelos nem vias únicas para a construção da nova sociedade liberta da exploração do homem pelo homem, o PCP considera de fundamental importância reconhecer e assegurar o direito dos povos destes países a decidir livremente sobre o seu próprio caminho. É esse o seu interesse e o interesse da causa do progresso social e da paz em todo o mundo. "
O que as teses do Partido neste ponto pretendem realçar é que todos os países que afirmem como orientação a construção de uma sociedade socialista são imediatamente alvos de ataque do Império Americano, como se coubesse aos EUA esse magnífico e exultante papel de indicar aos povos do mundo o seu caminho. Ler uma parte do texto sem ler o restante e daí pretender concluir alguma coisa não é de todo um bom método de análise.
Mas este não é o local para discutir as teses do PCP!
Assumo-o e jamais tomarei aqui qualquer opinião até ao Congresso.
Abri esta excepção apenas e só para destacar a esta ânsia da Comunicação Social em busca de qualquer coisinha com sangue no PCP.
Enquanto os jornais continuam a discutir estas novelas, os militantes do PCP, distinguem e honram o seu partido como um partido militantemente diferente de todos: onde em centenas de reuniões, por todo o país se debate livremente, em todos os níveis, em todas as organizações, as ideias, as causas as convicções e as nossas práticas.
Confesso: Não consigo conceber a discussão das teses fora deste contexto militante.
Quando se chegar ao fim de novembro, ao Campo Pequeno, o essencial do Congresso está feito.
Porque o Partido Comunista Português foi, é e será, sempre, aquilo que os seus militantes quiserem que seja!
É assim que se faz um grande Congresso.
É assim que se afirma um grande Partido!
3 canhotices:
"Quando se chegar ao fim de novembro, ao Campo Pequeno, o essencial do Congresso está feito.
Porque o Partido Comunista Português foi, é e será, sempre, aquilo que os seus militantes quiserem que seja!
É assim que se faz um grande Congresso.
É assim que se afirma um grande Partido!"
É isto que os põe doidos. A maneira como funcionamos. A discussão que fazemos. As razões que temos. Os caminhos que apontamos e que, mais tarde, vêm a verificar-se serem verdadeiros.
É o facto do nosso Congresso ser o resultado de um amplo debate e discussão que os põe loucos.
Por isto, sendo iguais, somos diferentes.
Porque somos o Partido Comunista Português!
Um abraço!
Ilustríssimos
Quem acompanha a vida do PCP conhece o amplo debate que no seu interior se trava quando em milhares de reuniões ao longo de todo o país as Teses são discutidas e analisadas. O que lhes dói e os desvaria é compararem a sua incapacidade com a ampla participação do colectivo comunista na discussão do futuro do Partido e de Portugal. Discussão fraterna e aberta onde todas as opiniões contam ainda que sejam diferentes das do camarada do lado ou da Direcção. No PCP uma opinião diferente serve para enriquecer não para separar. É isso que faz a força dos comunistas e que muitos preferem não ver... porque os incomoda. Abrir o Avante e ver páginas repletas de anúncios de reuniões para discussão das Teses a apresentar ao Congresso é de facto uma coisa que incomoda.
A opinião expressa pelo Camarada Octávio Teixeira e também perfilhada pelo autor do Canhotices já deve ter sido defendida e comentada alguns milhares de vezes mas como para certa comunicação social só a voz das personalidades é ouvida então há que relevar o que disse Octávio Teixeira ainda que a mesma possa ser igual à de tantos milhares de militantes. Para nós que militamos no PCP, onde independentemente da idade, da religião, do sexo, ou da profissão nos tratamos todos por tu sabemos que a opinião do Octávio Teixeira é mais uma que irá acrescer e ajudar a que o resultado final seja aquilo em que os comunistas Portugueses acreditam e no qual se revêem porque é também obra sua.
VIVA O XVIII CONGRESSO DO PCP
Zé do Telhado
Zé, no local certo vais ter a resposta a este teu comentário.
Já agora, gostaria de ver a coragem dos comentadores a assinarem como gente crescida!
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