O Comum da Terra
(A Vasco Gonçalves)
por Eugénio de Andrade
(A Vasco Gonçalves)
por Eugénio de Andrade
Nesses dias era sílaba a sílaba que
chegavas.Quem conheça o sul e a sua
transparência
também sabe que no verão pelas veredas
da cal a crispação da sombra caminha
devagar.
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa
remendada.
Habitavas a terra o comum da terra, e a
paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na
margem
vento areias mastros lábios, tudo ardia.
14 de Maio de 1976
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