CANHOTICES

...em Torres Novas, Ribatejo, Portugal. Do lado esquerdo da vida.

19.5.08

O Maio de 1968 (citando...)

Publicada por zemanel |


"Ontem ainda tentei mas não consegui. Agarrei no computador mas nem duas linhas saíram. O "especial" Maio de 68 na RTP foi um nojo. E se pensam que a palavra nojo é escusada e exagerada, penso que podem ver uma repetição do programa ou até na net, absolver-me-ão.
Júlio Isidro, Diana Andringa, Fernando Rosas e pelo menos mais 2 pessoas das quais não me recordo agora o nome, sentados numa mesa de um cenários decorado com os posters mais batidos da iconografia soixante-huitard, repetindo infindávelmente as mesmas frases, só ultrapassados pelos jovens entrevistados à porta das universidades das quais destaco, entre muitos que admitiram que não faziam ideia de nada, a resposta "não sei nada mas não sou de Letras, sou de Direito, tenho desculpa!" e o pódium ao Rosas "vê, pelo menos todos sabiam o essencial".
Não vi o programa todo, nem perto. Vi que fizeram referências soltas ao Vietnam do qual não mostraram nenhuma imagem, assim como a Luther King, cantores catalães, suponho que à primavera de Praga, à pilula e ao estudantes mortos no México tenham dado o mesmo tratamento. Mesmo que tenham feito uma bela colecção de eventos desse ano, e até o ano futebolístico de 68 foi analisado (obviamente que o Pantera Negra deu o contributo decisivo para a crise académica de 69, não fosse ele do clube do povo), a perspectiva de abordagem é sempre a mesma, um mês lá longe, onde se escreviam coisas giras nas paredes, onde houve alguns "excessos" (prontamente clarificados por uma das presentes como "o sentimento de massas que se sobrepoe à liberdade individual"), que foi tudo muito engraçado e onde a alegria imperava, embora todos saibamos que coisas dessas não podem durar muito, a realidade há de voltar. Referências erradas à participação de Cohn-Bendit no início do Maio francês e uma grande barda do já premiado Rosas (a maior greve geral da Europa Ocidental, 100 mil pessoas em greve) completam o quadro, folclorizado por uma banda permanente e uns cantores que pareciam saídos dum folheto de propaganda de uma agência de espectáculos das festas de aldeia no interior profundo, a destruirem desde o Bella Ciao ao Serrat...
Nestas altura lembro-me do ornitorrinco e sua cruzada contra a televisão pública, lembro-me de uns familiares que por lá andavam em 68 e de um companheiro investigador na área de história contemporanea que, ou muito me engano, se tivesse visto um bocado daquilo tinha acabado as garrafas que eu já não consegui deitar abaixo. Uma companheira destas lides dos blogs perguntou-me porque não fazemos posts sobre a Internacional Situacionista, eu pergunto, para quê?"

3 canhotices:

GR disse...

Não tenho visto Tv, não tenho perdido nada.
Há nomes que não têm desculpa quando pactuam com o sistema.
Melhor é ler os teus textos, sempre claros e íntegros.

GR

Anónimo disse...

Um offtopic: o Choral Phydellius já tem site. www.choralphydellius.com

Abraço

samuel disse...

Ora aqui está um sacrifício televisivo a que eu me poupei. Fiz bem, não fiz?

Abraço

Subscribe