A feira de Março voltou. Volta todos os anos. Ágora está emparedada junto ao viaduto de Rio Frio, mal se dá por ela e, sejamos honestos, sei lá se fará assim tanta falta. Longe vão os tempos em que no Rossio, esperávamos pela feira. Ou quase todos. Vinha a azáfama da montagem dos carrosseis, das bancas de quinquilharia, das barracas dos tirinhos. E o circo. Ao Domingo, toda a gente da vila, vinha até ao rossio, subindo à zona alta. Era como se o centro da vida, da vila se transferisse para ali, durante duas semanas.
E vinham também das aldeias à volta de Torres Novas. À volta da feira, vendiam-se (?) automóveis, tractores e outras máquinas. Durante a semana, a loja do sr Manel ganhava um novo movimento, com os feirantes a encherem a pequena mercearia. Até o Planalto, o café do sr Martins, ganhava outra vida.
Mas o "must" da malta era mesmo, naqueles anos 80, os carrinhos de choque. O Super Selva ainda prometia "mais uma volta mais velocidade e apelava "oh menina compre a senha na cabina!". Mas nos carrinhos de choque é que éramos un heróis. Cravávamos fichas uns aos outros, curtíamos os últimos sucessos musicais e esperávamos pelas 4 da tarde, que era quando as meninas do Colégio saíam - com as suas batinhas azuis- e nós engatatões de meia tigela oferecíamos um lugar no nosso carro, com as nossas fichas, à meninas "ingénuas" do colégio de santa maria. O resultado era óbvio: Fazíamos figuras de parvos e as meninas lá seguiam a sua vida e esperávamos que o dia seguinte corresse melhor.
1 canhotices:
boas memórias... agora tudo mudou e realmente, fará sentido continuar? aquilo parece-me tão decadente como o circo nos dias de hoje, mas a minha idade tb já não é a mesma. tb já não é no rossio embora este, com menos umas amoreiras, continue na mesma.
Enviar um comentário