A vila de Riachos prepara-se para a despedida das festas da benção do gado 2008 - e voltarão caso tudo corra bem, daqui a quatro anos. O domingo foi dia de cortejo: etnográfico e a lembrar a tradição da vida dos campos. Mas o cortejo, de hoje, foi também uma manifestação impressionante da força do trabalho em Riachos. Num país que abandonou os campos e produz cada vez menos, o desfile de hoje foi uma demonstração da resistência dos riachenses. Que destes campos, todos os dias, se abastece a capital Lisboa.
Veio a campinagem e os cavalos. Mas vieram os tractores, as máquinas agrícolas, modernas, produtivas e imponentes, que tratam o milho, o tomate, a beterraba, as meloas e melancias e os nabos. E tantos nabos vão para Lisboa.
Vieram, hoje em festa, os trabalhadores dos campos onde se cultiva ainda essa estranha resistência chamada agricultura , esse estranho milagre dos milénios de trabalhar a terra, transformando as sementes em searas.
A festa dos riachos é um louvor ao trabalho. Uma homenagem orgulhosa, rija, de raça, daqui do ribatejo, de tantas lutas, ao suor e à força do trabalho de tantos homens e de tantas mulheres.
Contra tudo e contra todos, adube-se a vontade e semeiem-se os campos.
Daqui a quatro anos, de novo, os trabalhadores dos campos dos Riachos, destes campos que vão da Brogueira à Golegã, estarão na rua festejando outra vez, a benção do gado.
Repetindo a alegria dos seus avós, lá estarão estarão de novo, no largo do povo, a semear o futuro.
1 canhotices:
Canhoto
Excelente texto sobre a festa e o povo de Riachos.
Valoriza-se a terra valorizando o trabalho e quem o faz!
Parabéns pela prosa!
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