"Talvez ninguém mais escreva isto na imprensa e na blogosfera, mas eu não tenho medo de escrever que o que faz pena é o percurso político e de ideias porque enveredou um digno antifascista de antes do 25 de Abril e um homem que, depois de Abril, durante muitos anos foi um firme defensor do Serviço Nacional de Saúde numa perspectiva de esquerda. O dr. António Correia de Campos que agora é remodelado é o Correia de Campos dos últimos 12 anos, mais coisa menos coisa, não é o Correia de Campos de 1978 ou mesmo de 1988."
Vítor Dias, in O TEMPO DAS CEREJAS
...Esta é uma reflexão importante que Vítor Dias, consciente ou inconscientemente, propõe. Uma reflexão que nos leva para lá de Correia de Campos.
O que leva alguns, que a par da cumplicidade ideológica são também homens e mulheres competentes, sério(a)s e digno(a)s abraçarem projectos de poder que estão nos antípodas de tudo aquilo que defenderam e fizeram? Como se a Vida vivida fosse uma coisa que deitássemos para trás das costas - esquecendo os projectos, os amigos, os companheitros, os combates.
Estranho fenómeno este, que já vem dos Cristâos Novos.
Que fogueiras há por aí a arder? convertendo... convertendo...
4 canhotices:
Esta é uma verdade incontornável. Os vira-casacas. Mudam de opinião e de ideologia política ao sabor das suas conveniências. Se não têm respeito por si próprios, como poderão tê-lo pelos outros?
O pior é que essas pessoas (que estão no seu direito) não optam quase nunca por "ir à sua vidinha", discretamente, ganhar o pão nosso de cada dia e quando digo "nosso" é porque na maior parte dos casos é mesmo literalmente o nosso. Em vez disso, tornam-se agressivos para com o seu passado, verdadeiros missionários das suas novas "ideias"... em fim, uma chatice.
Zita, Vital, Lino Jamé, etc, etc, estão aí para confirmar o que digo.
Numa sociedade capitalista onde não há uma ponta de pudor estas coisas são naturais. Mas estes são a força que nos dá razão. avançaremos.
Desculpem mas não gostaria de ser desmancha-prazeres. Quem me precedeu, não estará a ser demasiadamente condescendente?
Não estará, a expressão esquerda, a ser uma fonte de equívocos?
Basta a autoproclamação para convertermos velhos aliados da direita ou antifascistas em genuínos militantes de esquerda?
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