CANHOTICES

...em Torres Novas, Ribatejo, Portugal. Do lado esquerdo da vida.

21.12.09

Margem Esquerda: Opinião no "Jornal Torrejano"

Publicada por zemanel |


BORA A MORA?

Perdida, aquela vila alentejana parecia estar condenada ao destino que está reservado para uma grande parcela do interior do território nacional. A população envelhecia, os mais novos procuravam vida noutras paragens, a agricultura abandonada e uma total ausência de indústria ou de serviços condenavam a vila ao destino fatal.
Mas há fatalidades inevitáveis? Não claro que não. Perante o cenário pouco simpático que enfrentava, o município tomou mãos à obra e com inteligência, criatividade desenhou uma estratégia de desenvolvimento local rentabilizando o melhor que tinha para oferecer: os recursos naturais. Com uma estratégia correcta recorreram aos fundos comunitários em busca de projectos realmente estruturantes e que servissem o modelo de desenvolvimento desenhado. Será isto uma Utopia? Não. Chama-se pensar em desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
Enquanto no país, com os euros da União Europeia se semeavam hipermercados, multinacionais de duvidosa sustentação económica com empregos de baixo valor, rotundas, avenidas e se enfeitavam as terras com todos os tarecos de enfeite urbanos que se pode imaginar naquela vila apostou-se na diferença.
Em Mora, assim se chama a vila, a palavra desenvolvimento é hoje uma realidade. Vale a pena conhecer o exemplo.
Aproveitando o facto do concelho de Mora ser atravessado por linhas de água e percebendo que a vizinhança com a Barragem de Montargil não seria de desprezar, a aposta no desenvolvimento passou pelo aproveitamento do recurso natural ÁGUA e à vida que nela há. É assim que nasce o Fluviário de Mora – um verdadeiro tesouro a três passos de Torres Novas de visita obrigatória.
Inaugurado em Março de 2007 e com mais de 200.000 visitantes o Fluviário de Mora convida-nos a viajar ao longo de um rio, podendo ser observadas diversas espécies do nosso país e também de outras partes do Mundo.
Imperdível é também a visita ao irrequieto casal de jovens Lontras: A Mariza e o Cristiano Ronaldo.
Aberto todos os dias do ano a visita ao Fluviário de Mora é uma experiência enriquecedora inclusive para as crianças.
Aconselha-se a quem visitar o Fluviário fora de um grupo, que tente uma pequena marosca e integre-se num grupo que esteja de visita – o acompanhamento por guia biólogo/a torna a visita muito mais interessante.
Finda a visita, pode-se comer no restaurante do Fluviário embora nos dias de Primavera não seja de menosprezar um piquenique familiar nos campos envolventes, junto à água. Ou então, andando uns quilómetros para diante, junto à barragem de Montargil ou em alternativa, junto da Barragem de Belver aconselha-se no verão uma visita à praia fluvial do Alamal.
Na zona de Mora é também motivo de curiosidade a visita a Pavia, onde se poderá visitar a famosa capela incrustada numa anta pré-histórica e a Casa-Museu dedicada ao pintor neo-realista Manuel Ribeiro de Pavia.
Em Mora, o Fluviário apela à nossa consciência ambiental, é um factor de desenvolvimento local que estimula o comércio e o turismo, proporciona empregos qualificados.
É um exemplar projecto pedagógico, de grande validade ambiental e que ainda por cima enriquece e assegura o futuro do concelho de Mora. Sem especiais alaridos e vaidades, constitui um verdadeiro exemplo para aqueles que ainda acham que o desenvolvimento se mede pelo número de gruas no ar.
Para mais informações:
www.cm-mora.pt
www.fluviariomora.pt

PUBLICADO NO JORNAL TORREJANO de 19 Dezembro 2009

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