Há coisas típicas do novo riquismo.
Há cerca de vinte e tal anos atrás tive a oportunidade de visitar uns "conhecidos" de familiares meus que construíram uma casa nova tipo "maison". Estranhamente a dita casa, sonho de uma vida, não era utilizada.
Os donos da casa comiam, viam televisão e dormiam num anexo. Eis o argumento: não se podia estragar a casa nova usando-a. Sendo assim o sonho de uma vida era afinal apenas espavento para inglês ver.
Mais recentemente estive numa casa em cuja sala de visitas se destacava no chão um enorme tapete de arraiolos: acontece que os donos da casa quando recebem visitas forram o tapete com plástico transparente.
Gestos típicos do novo riquismo.
Estes gestos vêm a propósito do higienismo novo rico que a Câmara Municipal de Torres Novas está a usar na renovada e restaurada Praça 5 de Outubro.
Depois de anos e anos de abandono e maus tratos não há mal que não dê em fartura e pelos vistos, por ali, nem uma mosca bulirá...
O regulamento municipal que proíbe a utilização de copos de vidro e de garafas de vidro nas esplanadas da Praça 5 de Outubro é um absurdo. Em primeiro lugar há dúvidas legítimas sobre a legalidade do regulamento. Duvido que a Câmara Municial possa estabelecer regulamentos desse tipo. Por outro lado este regulamento restringe-se à Praça 5 de Outubro.
Alegam-se medidas de segurança e de limpeza. Como se o vandalismo não fosse por si só um acto punido por lei e como se não houvesse polícia, tribunais, etc...
Se esta regulamentação existe com receio do vandalismo estamos perante um caso sério. É que, repetimos, esta lei limita-se à Praça. Ou seja, no resto da cidade a malta pode andar por aí a abrir cabeças uns aos outros, com garrafas e copos de vidro!...
em todo o lado, menos na sacrosanta e renovada Praça 5 de Outubro. Recusamos isto! Recusamos liminarmente esta ideia.
Um copo, em condições normais, numa esplanada não é por si só uma arma!
(sê-lo-á em condições verdadeiramente excepcionais, como sucedeu no Euro 2004...)
O que verdadeiramente está por detrás desta medida higiénica é o principio novo-rico do tapete de arraiolos plastificado para as visitas verem mas não pisarem.
É como se a Câmara Municipal tivesse reconstruído a Praça, tivesse posto tal empenho na obra, o " sonho de uma vida" que agora se esquece do óbvio: a Praça é para ser vivida e dentro das regras estabelecidas pela lei, ser totalmente desfrutada.
Definitivamente a Praça não é de ninguém. É um espaço público que todos queremos viver!
Definitivamente recusamos estas cedências ao vandalismo e ao novo riquismo.
É aos proprietários das esplanadas quem cabe a decisão de escolher o que querem servir e como querem servir. É a eles que cabe decidir se nos querem vender a imperial, bem tirada num copo de vidro ou se optam pelo higieno-economicista copo de plástico. Os clientes da praça tirarão as suas conclusões.
Mas temos o direito enquanto consumidores de pedir uma mini fresquinha no verão. Ou até um sumol!
Temos o direito de beber uma água das pedras num copo de vidro. Ou beber um martini ou um moscatel sem sabor a pvc!
Semos satisfeitos ou não, nesse desejo é algo a que a Câmara não deve meter o bodelho.
É uma coisa que fica entre nós e os donos das esplanadas. Não gostamos do serviço, mudamos de esplanada!
Sendo certo que nas esplanadas das principais praças europeias o uso do vidro é absolutamente comum. Inclusive, há o hábito da venda de vinho a copo.
Em Torres Novas somos diferentes.
Gastou-se uma pipa de massa a arranjar a Praça e muito provavelmente um destes dias vamos encontrar um segurança à entrada da Praça 5 de Outubro para nos vigiar o cócó da sola dos sapatos.
A bem da nova calçada!
Não se espantem, não se espantem, se um destes dias verem alguém da Câmara no Grémio ( a cooperativa Agrícola) a comprar uns valentes metros de plástico para... forrar a nossa Praça.
7 canhotices:
E pronto. Já cá faltavam os ricos e os novos ricos e todos esses clichés vermelhuscos.
O autor deste blogue não deve conhecer bem a cidade onde vive e a verdadeira porcaria que grassa em dias de Sexta e Sábado, quando os meninos das redondezas vão à praça fazer competição de estupidez. Caro amigo, acredite que a partir de certa hora, a malta não liga ao contentor...desde que esteja cheio, claro!
A recomendação que julgo estar a ser feita aos comerciantes limita-se à venda para as esplanadas e só a partir das 22 horas, que é mais ou menos o ponto de viragem na sanidade e salubridade do lugar.
Logo, sua excelência poderá despejar para um belo copo de vidro as cervejas que entender (ou até um vinho a copo), sem plástico nem nada.
Hipocritamente, está claro, o senhor vem falar em leis que já contemplam o vandalismo, nos tribunais e mai-na-sê-quê. Mas que diria o nosso caro zemanel caso colocassem um segurança (para não falar num polícia, cruzes credo!) numa ou outra esquina da praça, a ver o que fazem os "petizes". Era o bom e o bonito! Uma perseguição! Um Estado securitário! Uma forma de condicionar a população, ou no mínimo uma forma de passar a ideia de que não se confia nas pessoas. Ora confesse lá!
Ou está mesmo à espera que alguém vá à barra por partir 20 garrafas de minis pelas ruas do centro?!
Ora, como a autarquia não lhe dá o gosto de gritar contra o "excesso de zelo", pronto, o PCP limita-se a tentar ironizar uma medida que apenas procura minimizar os desvarios de gente que, ao fim e ao cabo, se quer evitar pressionar de outras maneiras.
E depois a forma como você puxa ao sentimento do prazer disto e daquilo. Oh amigo! Você é a glória da Marinha Grande!!!
Patrício
Caro Patrício,
Conheço Torres Novas muito bem. Aliás você sabe isso.
Sei que Torres Novas tem problemas de segurança e que o actual poder tentou sempre negar. Como também é justo que se diga que Torres Novas é certamente mais segura do que inúmeras cidades no mundo onde na praça central se pode apreciar uma bebida em copo de vidro!
Mas imaginar a Praça 5 de Outubro renovada como um lugar pronto a ser invadido or um grupo de vândalos de mini na mão é uma imagem que recuso liminarmente para Torres Novas.
Não se combate os problemas da insegurança em Torres Novas com medidas como esta.
Aconselho-o a procurar na página da CDU de Torres Novas, as conclusões do debate público que esta coligação promoveu em torres novas.
Sejamos sérios: não é a segurança que preocupa os responsáveis municipais torrejanos - esta medida bizarra é apenas resultado de uma visão do mundo estreitinha, curtinha e própria dos novos ricos.
O actual poder tentou sempre negar?!?!?!?!? Não me lembro de ouvir ou ler que a Câmara de Torres Novas rejeite um problema de segurança na cidade. Lembro-me, aliás, do presidente da autarquia reconhecer recentemente que a política social seguida a determinada altura (bairros sociais) terá algo a ver com as raízes dessa insegurança.
Por outro lado esse fenómeno (vandalismo juvenil), tal como se apresenta, é de facto recente e tem muito a ver com o recente aumento da vida nocturna na cidade e com a vinda de gente de toda a região para a noite torrejana, com propósitos menos civilizados.
Oh Zemanel, você pode "recusar" as imagens que quiser. Pode "mudar de canal", mas isso não quer dizer que o filme não continue. Tá a ver?
Os tais "vândalos" existem. Andam por aí, são pessoas comuns, que ninguém imagina numa esquadra de algemas. Gostam de se divertir, mas alguns não o sabem fazer assim tão bem. Bebem demais, transformam-se e depois... transformam o espaço público. Uma mijinha na parede daqui, uma garrafa partida na parede dali...
Devem ir para a prisão?! Não acho que haja necessidade de ir por aí sem se procurarem soluções que ajudem a prevenir a falta de civismo. Esta é uma delas. Sem dúvida questionável e menos simpática. Mas, caro Zé, os tempos são outros. A juventude já não é o que era e o respeito pelo que é de todos muito menos.
Há que assumir que as coisas são assim e agir em conformidade. Eu, repito, EU, não quero desperdiçar os meus impostos a aparar e limpar a "cagada" que os nossos "vândalos", mui democráticamente, decidem fazer pelo nosso espaço comum.
Já agora pergunto-lhe, que é candidato pela CDU, como é que se "combate os problemas da insegurança em Torres Novas"?
Patrício
Paroles, paroles...
O candidato da CDU tem todo o gosto em transmitir-lhe algumas ideias.
Entrtanto a Câmara deveria reinvindicar do governo o reforço dos efectivos policiais da GNR e PSP ( não esquecer que a PSP agora é responsável pelas zonas rurais das freguesias urbanas.
Entretanto a Câmara deveria em articulação com as forças de segurança ter as seguintes preocupações:
- Colocar efectivamente a funcionar o Conselho Municipal de Segurança!
- Ser mediadora de diálogo entre forças de segurança e populações
- Dinamizar em conjunto com as forças de segurança acções de esclarecimento e sensibilização dirigidas a camadas especificas da população
- Colaborar com as forças de segurança no sentido dos seus programas especificos ( Escola Segura, Comércio Seguro, Apoio 65, Taxi Seguro, PIPP- policiamento de proximidade) serem conhecidos da generalidade da população.
Além disso é necessário uma forte intervenção na dinamização da vida urbana - essencialmente no centro histórico e claro, a aplicação de um conjunto de acções de intervenção e apoio social junto de determinados grupos da população em risco de cairem na marginalidade.
Caro Patrício: Este pode não ser o seu projecto. Admito-o.
Mas a CDU tem um projecto para alternativo para Torres Novas!
Disponha sempre - é com todo o gosto que lhe irei transmitindo as ideias e os projectos da CDU
Cumprimentos,
Estranha terra de estranhos costumes.
O famoso 25 garantiu a eleição reeleição e por vezes a eternização de caciques que se fazem acompanhar por fiéis cães de fila prontos a morder em nome do dono.
sempre sem nome sempre sem rosto.
Torres Novas é um acabado exemplo de todo este ambiente sórdido gerado por uma democracia débil que não se soube assegurar contra a podridão.
o poder não pode ser exercido por quem estranhou a ética uma vida inteira.
Boas medidas. Boas intenções.
Avante.
No entretanto...se me permite, os copinhos de plástico podem ajudar.
Patrício
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