O grande destaque da entrevista é sem dúvida as questões do Investimento / aproveitamento dos Fundos Comunitários e o endividamento. O próprio título da entrevista conduz-nos a isso: "Neste tempo de crise é que é importante investir".
António Rodrigues de forma hábil e politicamente inteligente coloca a questão da dívida associada ao investimento, estabelecendo uma relação directa entre estes dois vectores que a bem da verdade, não é assim tão linear. O Presidente da Câmara repete nesta entrevista uma tese que vem usando de há alguns anos a esta parte para justificar o endividamento: A Câmara está endividada porque faz obra.
Sejamos claros: A obra que se tem feito, tem sido essencialmente na cidade, esquecendo as freguesias rurais, procurando agradar ao eleitorado urbano que é quem conta nas eleições autárquicas.
António Rodrigues refere: " Deveria ser um gozo devermos pouco ou nada e termos níveis de equipamentos concelhios iguais aos de há 10 anos."
A que equipamentos concelhios se refere António Rodrigues?
Equipamentos construídos na cidade!
( que é certo servem a população rural como servem a população de outros concelhos...)
O que está em causa são opções políticas do executivo PS:
aliás no próprio preâmbulo do programa Turris XXI, António Rodrigues assumia que dos 7 milhões previstos chegar através do III QCA para investir na cidade, 800.000 euros poderiam ter outro destino! Não tiveram por opção política da Câmara. Poderiam ter ido para as freguesias - essas eternas esquecidas...
Na entrevista António Rodrigues continua a prometer mundos e fundos para a Cidade: O Centro de Ciência Viva, a requalificação da Praça 5 de Outubro, a Mata Municipal e a piscina de Verão, Estrada do Alvorão, novos paços do concelho, Museu Alfredo Keil. Para as freguesias ficam os Centros Escolares de Assentiz e Pedrógão (repare-se como os locais foram cirugica e politicamente escolhidos a pensar nas autárquicas...) com obras iniciais prevista em Maio ( ficando para já a aguardar Meia Via, Riachos e Olaia), a Escola Chora Barroso ( que o próprio presidente confessa que o dinheiro virá todo dos fundos comunitários) e estrada que vai de Torres Novas ao Boquilobo.
Claro que nada destas obras têm calendário previsto...são apenas foguetes que já rebentaram: quantas vezes já vimos prometidas algumas delas??? O Centro de Ciência Viva, por exemplo, já é um velhíssimo conhecido.
António Rodrigues em relação ao endividamento dá ele próprio um excelente exemplo na entrevista: "se quiser comprar um apartamento para o qual não tenho dinheiro, vou ao banco, peço emprestado e vou pagando. Passo a viver num apartamento novo que vou pagando todos os meses".
Belo critério.Esquece o sr Presidente que as famílias quando investem num apartamento devem ponderar e adequar o apartamento que compram à medida das suas necessidades e do seu orçamento? Não deveria a Câmara adoptar o mesmo principio? Todas as obras anunciadas, toda a sumptuosidade prevista é adequada? Temos pés para calçar estes sapatos? Aqui sim, falamos de endividamento. Porque investir é fazer escolhas!
Continua evidente que esta gestão pretende continuar a apostar na promessas de edificar muitas e grandes obras, construir algumas, repetir promessas antigas e deixar prioridades essenciais completamente de lado.
Regista-se que ao nível dos investimentos previstos não há uma única palavra para o saneamento básico e quase nada para acessibilidades.
Fica a constar.
2 canhotices:
O que interessa aqui são os Fundos Comunitários senhor! Não vê isso?
Se uma pessoa se contentar com o seu T0 já pago, mas lhe disserem que se você colocar 30% ou 40% do valor alguém lhe pagará o resto por um T4. O que fazer?! Oportunidades destas só aparecem uma vez na vida. Entretanto o indivíduo tem um filho e depois outro e a casa tornar-se-ia pequena e desajustada. O indivíduo algum dia teria dinheiro para comprar um T4 ou sequer um T3 sozinho?
Ora com uma autarquia é mais ou menos o mesmo. Estavamos todos felizes (pelo menos a CDU rejubilava!)com as nossas piscinas a cair aos bocados, com a nossa mini mini mini biblioteca, com a nossa pontezinha meia-cana em cimento sobre o Almonda, com a nossa Praça 5 de Outubro cheia de automóveis, um castelo apodrecido, um ex-hospital devoluto e sem dignidade alguma.
Mas eis que vem alguém que diz: Há quem nos pague a maior parte da obra. É agora ou nunca. A população vai aumentar, a cidade vai crescer (como no caso dos filhos) e nunca mais vamos poder criar condições, com este ritmo e com estes apoios, para que esta gente viva com dignidade. Então haveremos de fazer todos um esforço para que isso seja possível.
E fez-se! E vai continuar a fazer-se! E muito bem.
O problema da CDU e os demais é não poderem ser eles a botar projecto. É dor de cotovelo. E sabe porque o digo? Porque assim que podem pegar numa pontinha de mérito seu para uma dessas obras (como é o caso, e bem, do contributo da CDU para a protecção da Praça contra o projecto inicial), colocam-se logo em bicos dos pés porque também fazem obra. Afinal, é obra que parte das mesmas candidaturas, da mesma atitude perante o endividamento!
É talvez um dos problemas do Rodrigues, não saber ceder um pouco e chamar os amiguinhos da oposição para "conversar" também. Assim ficavam todos contentes e criticavam menos. Sentiam que também faziam obra. Mas, convenhamos, com esta oposição nem há necessidade...
pois claro!
eis o ouro do brasil a brilhar de novo...
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