CANHOTICES

...em Torres Novas, Ribatejo, Portugal. Do lado esquerdo da vida.

10.3.08

A ESPANHA NO TSUNAMI BIPOLAR

Publicada por zemanel |

As eleições espanholas descambaram num tsunami bipolar em que o PSOE vence mas o PP, sem concorrência à direita, aumenta a votação.
A Espanha, tão característica na sua diversidade, nos seus partidos regionais, viu- se de repente com o seu parlamento praticamente reduzido a dois partidos.
O PSOE beneficiou claramente do voto útil, daqueles que receavam o regresso da direita ao poder. O PP, com uma campanha fortíssima, suportada claramente pela Igreja Católica viu subir a sua votação. O resto, o resto foi pulverizado, com destaque para as perdas do Partido Catalão e da Izquierda Unida.
O resultado da IU merece mesmo uma profunda reflexão aos comunistas espanhóis: Se é certo que o combate era duro, que o voto útil funcionou com muita força, também é verdade que o caminho traçado pelo PCE desde 1977 com Santiago Carrillo deve merecer especial atenção, já que o PCE é e deve ser uma força fundamental na democracia espanhola.
Tendo adoptado, bem cedo as teses do eurocomunismo, juntamente com os comunistas italianos, o PCE traçou um caminho progressista mas desprezando o seu projecto revolucionário com uma deriva social democrata. A própria evolução política da Izquierda Unida tem sido feita de erros gravíssimos de abdicação e de renegação ideológica. Se no inicio a IU era uma coligação eleitoral - como é em Portugal a CDU - a sua transformação ( estive quase a escrever evolução) numa Frente Unitária autónoma, com a diluição do PCE nessa frente, é um erro grave, em que um Partido Comunista abdica do seu papel de transformação da sociedade, abdica de ser um partido de classe, ao serviço dos trabalhadores e do seu povo, limitando-se a ser uma partido eleitoral e tendencialmente social-democrata. Sendo também cero que os comunistas espanhóis ficaram longe, mas mesmo muito longe, da traição dos comunistas italianos, que criaram nos anos 90 a "coisa".
Mas este PCE , envergonhado e diluído numa frente com fracas referências ideológicas, só poderia esperar uma fuga de eleitorado para o PSOE, sobretudo nas condições em que decorriam estas eleições.
E porque já se fala num cenário de crise económica em Espanha, os trabalhadores espanhóis têm que encontrar um caminho, o seu caminho, à esquerda do PSOE, e esse caminho vai ter que passar pela refundação do PCE, no partido dos trabalhadores e dos povos de Espanha, honrando as suas origens revolucionárias, republicanas e patriotas do velho PCE da Pasionaria.



1 canhotices:

Fernando Samuel disse...

A postura do presidente da Esquerda Unida (Llamazares) é bem elucidativa do estado a que «aquilo» chegou: depois de se andar a oferecer desavergonhadamente para integrar o futuro governo do Zapatero, na noite das eleições ele teve o comportamento normal de qualquer político da burguesia: assumiu a responsabilidade da derrota e demitiu-se do cargo - mas vai ficar como deputado...

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