CANHOTICES

...em Torres Novas, Ribatejo, Portugal. Do lado esquerdo da vida.

5.9.06

PAPAROCA

Publicada por zemanel |

Embora não contasse e tal não estivesse nos nossos planos, tivemos oportunidade de Sábado à noite, ir até Liteiros e assistir ao Festival de Folclore de Liteiros e ao 2º Arraial do Petisco que decorreu simultaneamente. A noite agradável e o espaço convidativo tornaram aquele momento positivamente inesperado.

Estas iniciativas organizadas pela população de Liteiros ( Freguesia de Santa Maria são reveladoras do espírito empreendedor daquela aldeia e ambas iniciativas tiveram um grande sucesso. Se o Festival de Folclore já é hoje uma referência, o Arraial do Petisco demonstrou uma grande vitalidade e promete ser uma actividade relevante no plano da divulgação da gastronomia local e regional.

Liteiros está de parabéns.

No entanto apesar da importância e relevância do Arraial do Petisco há que ter em nota o seguinte: neste momento só no concelho de Torres Novas realiza-se no plano da gastronomia as seguintes actividades: Festival Nacional do Cabrito, Festival da Enguia, Festival das Sopas do Paço, Festival da Água Pé e agora o Arraial do Petisco de Liteiros. Já para não falar das Tasquinhas nas Festas do Almonda, da Feira dos Frutos Secos e da feira da Laranja do Pafarrão.

Todas estas iniciativas são meritórias. Algumas organizadas pela Câmara, outras lançadas pela vontade popular têm tido uma marca de qualidade. Mas convenhamos que já começa a ser muita paparoca...

Há um perigo nestas iniciativas: De repente, podem começar a multiplicar-se por muitos lugares, perdendo autenticidade e referências genuínas e não nos admiraríamos nada que surgisse em breve um Festival da Bifana Torrejana ou coisa parecida.

Há este perigo. Mas há mais. A gastronomia regional e a sua promoção são louváveis. Mas não podem ser iniciativas desgarradas e isoladas. Até hoje parece que a revitalização da vida rural passa exclusivamente pelo folclore e gastronomia. Como se a vida nas aldeias fosse apenas dançar, comer e beber. O que é injusto!


Aqui tem a Câmara Municipal um papel importante. A promoção da Gastronomia Regional fará sentido num quadro mais amplo de valorização da vida nas Freguesias Rurais de Torres Novas. Para que a gastronomia não seja apenas uma memória do passado revista num dia, num festival. É importante interligar a gastronomia com outros aspectos todos eles interdependentes entre si. Nomeadamente e a título de exemplo:

-Promover o rejuvenescimento e repovoamento das aldeias ( criando estruturas básicas, nomeadamente a nível de Saneamento)
-Promover o Turismo nas Aldeias
-Ajudar a revitalização de actividades artesanais ( quem salva a olaria de Árgea ? )
-Criação de circuitos pedonais, ciclovias e até espaços para a prática de desportos radicais, no respeito com o ambiente
-Recuperar o património edificado (incluindo velhas oficinas, tascas, lagares, moinhos, etc)
-Aproveitar espaços antigos encerrados ( como oficinas, tascas) para a criação de novos espaços de convívio para a juventude criando por exemplo espaços públicos de Internet
-Promover actividades culturais recorrendo a parcerias com as Juntas e com a UCATN
-Realização de Workshops de artes, Concursos de Pintura, Rallyes Fotográficos, etc…
-Promover actividades desportivas
-Sinalizar e divulgar os locais de interesse

Todas estas ideias podem parecer utópicas e de difícil realização. No entanto todas elas, a diferentes ritmos, poderão ser postas em prática. Então a gastronomia entrará neste sistema de uma forma natural, evitando-se por um, lado desvirtuamentos etnográficos e por outro promove-se a revitalização da vida rural ultrapassando as fronteiras que a gastronomia oferece…(Sabemos que há já quem ande por aí para apresentar umas ideias)

2 canhotices:

A minha verdade disse...

Publicado no Almonda?!?!?!?!?!?!?!?!??!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?

Não querem lá ver que afinal o jornal não é tão direitão assim...?!

Ou será que os padres andam doidos?!

Anónimo disse...

Caro ZeManel, fico contente por saber que ainda há pessoas que pensam nas aldeias e que apreciam o seu espirito de trabalho de de resistencia. A gastronomia ainda é a unica forma que estas organizações possuem para se auto-financiarem, isto até que a ASAE o permita. A qualidade do produto oferecido irá levar a uma selecção natural destes eventos. Que surjam outros, de preferência melhores, e que melhorem os existentes. Quanto às suas sugestões, concordo.

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