Recordando o assassinato de Delgado e associando-se à iniciativa da casa memorial Humberto DELGADO, em Boquilobo - Torres Novas, o CANHOTICES, publica aqui um belo texto de Manuel Alegre sobre o asssassínio do General sem Medo - do romance "A TERCEIRA ROSA" - CAPÍTULO 44. (O CANHOTICES aproveita desde já para pedir a Alegre mais textos destes e deixe lá essa coisa dos movimentos de cidadania que ainda ninguém percebeu muito bem o que é...)
"Numa estrada de Espanha, disseram, numa estrada de Espanha, perto de Badajoz. No mesmo dia em que uma brigada assassina passou a fronteira de Mourão/S. Leonardo para matar o General que eu gostava. Numa Estrada de espanha, numa curva qualquer. (...)
Numa estrada de Espanha, disseram, tantas vidas mais tarde. Talvez por isso eu tenha a tentação da raia e só me sinta em casa nessa terra de ninguém que em porvençal se diz talvera. Algures, entre Portugal e a Espanha, na linha matemática de que fala o Padre António Vieira. É aí que te procuro, na brancura da cal, no olival e na seara, na flor de esteva, na pedra, no voo do milhafre, na linha imaginária da fronteira, em qualquer estrada que vá para Badajoz. E mesmo na vereda orlada de eucaliptos, sinistramente chamada de Malos Pasos, perto de Villa Nueva de Fresno, onde encontraram o general. Mesmo aí eu sentirei o arrepio, é talvez a tua aragem, o teu sopro, o teu presságio.Ou simplesmente os negros sons. Malos Pasos.)"
1 canhotices:
pois é... o poeta deu-nos muita alergia!!!
Mas a tristeza, e o combate firme é com Aníbal. Manuel, é um dos grandes nomes da nossa lingua e, quanto ao romance- é pequeno, lê-se de um folego, e é, na minha opinião um belo texto, que aconselho.
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