CANHOTICES

...em Torres Novas, Ribatejo, Portugal. Do lado esquerdo da vida.


No Centenário do nascimento de um amigo de Torres Novas
FERNANDO LOPES GRAÇA



Vozes ao alto! Vozes ao alto!
Unidos como os dedos da mão
Havemos de chegar ao fim da estrada
Ao sol desta da canção
In Heróicas

Há coisas boas para 2006. Vai ser o ano para lembrar, FERNANDO LOPES GRAÇA
O ano que agora começa comemora o centenário do nascimento do músico, do intelectual, do resistente.
Figura de referência no meio musical, nascido, na vizinha Cidade de Tomar, ultrapassou as fronteiras do génio musical e o Homem colocou-o ao serviço da luta anti-fascista.
O governo prepara-se para ao longo deste ano programar uma série de iniciativas para homenagear este português do século XX. Vão colaborar nestas iniciativas a RTP e a RDP, realizando a primeira entidade um documentário e a RádioPública a edição de 8 cds, transmissões em directo e gravações.
E Torres Novas?
Embora muitos o desconheçam, Fernando Lopes Graça era um amigo de Torres Novas, nomeadamente do Choral Phydellius.
Tudo terá começado em 1971, quando um jovem maestro toma conta do coro torrejano. Vinha de Lisboa e era um “discípulo” de Lopes Graça, compositor já consagrado e maestro do CORO DA ACADEMIA DO AMADORES DE MÚSICA. Desde então o Phydellius teve em Graça um amigo, tendo-se organizado na vila do Almonda em 1973 o I Encontro dos 3 Coros – actividade que o Fascismo referenciou como uma actividade subversiva. Não só pela música cantada mas pelo espírito de encontro e confraternização.
Não sei se se terá cantado as célebres Heróicas de Lopes-Graça. Haverá torrejanos, com certeza muito mais bem documentados sobre as relações de Graça com Torres Novas. Chamemo-los a prestar testemunho!
É portanto importante, que no ano do centenário, que não se deixe passar em branco a passagem de um homem com a grandeza cultural de Fernando Lopes Graça e as marcas que deixou na nossa Cidade. Homenageá-lo dignamente, chamando esses torrejanos a colaborar será o mínimo.
Como também seria importante reeditar em CD a II CANTATA DE NATAL, da autoria de Fernando Lopes Graça e, registada pela primeira vez em disco em 1979 pelo nosso Choral Phydellius, na Igreja do Carmo em Torres Novas. A foto que acompanha este artigo, está na contracapa do disco original e testemunha o encontro entre o Mestre Graça e o jovem Maestro, perante o olhar de alguns coralistas torrejanos.
Já agora convém acrescentar: O jovem maestro, contemplando o mestre é JOSÉ ROBERT e é hoje um nome fundamental da música coral em Portugal. Dirige o Coro Lopes Graça ( antigo Coro da Academia Amadores Música substituindo o próprio Graça); o Coro da Universidade de Lisboa, tem um currículo invejável dentro e fora de Portugal mas prossegue a aventura iniciada em 1971 – todas as semanas sem falta, chega de autocarro a uma pequena cidade de província para dirigir dedicadamente o “seu” coro de sempre. Torres Novas merece-o?

Biografia de Lopes Graça:
1906: Nasce a 17 de Dezembro em Tomar, onde inicia os estudos de piano. -1924: Ingressa no Conservatório Nacional de Lisboa. - 1927: É aluno da Classe de Virtuosidade de Viana da Mota. - 1931: Termina o Curso Superior de Composição. É preso e desterrado para Alpiarça. - 1934: Ganha uma bolsa para estudar em França, que lhe é recusada por motivos políticos. -1937: Parte para Paris. Estuda com Koechlin Composição e Orquestração. -1938: A Maison de la Culture de Paris encomenda-lhe uma obra: «La fiévre du temps» (ballet-revue). Harmonizações de canções populares portuguesas. -1940: Ganha o prémio de Composição do Círculo de Cultura Musical com o 1º Concerto para Piano e Orquestra. - 1941: Tomás Borba convida-o para professor na Academia de Amadores de Música. - 1942: Obtém o prémio do Círculo de Cultura Musical com a «História Trágico-Marítima» (poema de Miguel Torga). - 1944: Ganha pela 3ª vez o Prémio de Composição do CCM com a «Sinfonia». - 1945: Faz parte da Comissão Distrital do MUD. - 1949: Faz parte do júri do Concurso Internacional Béla Bartók em Budapeste. - 1952: Novo prémio de composição do Círculo de Cultura Musical com a 3ª Sonata para Piano. - 1961: Edita com Michel Giacometti o 1º volume da Antologia de Música Regional Portuguesa. Início do In Memoriam Béla Bartók (8 suites progressivas para piano) que completa em 1975. - 1969: Rostropovich interpreta o Concerto de Câmara para violoncelo encomendado a Lopes-Graça. - 1973: Início da publicação das «Obras Literárias» (Editora Cosmos) em 18 volumes. - 1974: Assume a presidência da Comissão para a Reforma do Ensino Musical criada pelo Governo Provisório da Revolução de Abril. - 1979: Compõe para grande orquestra, solistas e coro o «Requiem pelas vítimas do fascismo em Portugal». - 1981: Convite do governo húngaro para as Comemorações do Centenário do nascimento de Béla Bartók. - 1993: Audição integral das sonatas e sonatinas para piano (Matosinhos). Homenagem no seu 87º aniversário. - 1994: Morre na noite de 27 Novembro na sua casa na Av. da República, na Parede, junto a Cascais.

1 canhotices:

zemanel disse...

Foi com orgulho que recebemos o Fausto Neves em campanha eleitoral!
Foi uma noite inesquecível! A simplicidade do Fausto encantou-nos a todos e contagiou-nos para uma grande campanha! Sem sacos de plástico ou outdoors. Um abraço GR,
José Pereira

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