Quatro e maia da manhã, madrugada de 12 de Outubro.
A minha DPOC "obrigou-me" a deslocar ao Centro de Saúde.
Ainda mal dormido, da noite elitoral anterior, chego precisamente ás quatro e meia da madrugada.
A Carmen ateimou e veio comigo apenas para fazer companhia, num dia de férias.
Temos ambos uma esperança secreta: que aquilo que se diz pela cidade não seja bem assim e que chegados ao Centro da Saúde apenas haja um imenso vazio que permita deixa-nos no carro a domitar mais umas horas.
Chegámos. Quatro e meia da manhã, sou o terceiro do recurso. O Centro está fechado, não há senhas. Aguentamos ali.
Pelas cinco e meia da manhã, já somos mais de uma dezena para a consulta de recurso.
As conversas fluem, mantenho-me em silêncio. Inevitavelmente vão ter às eleições da véspera.
"Então quem ganhou? Mas há alguma dúvida? Quem é que haveria de ser?
Então Torres Novas não está mais bonita? O homem tem feito pouco por Torres Novas, quem viu isto e quem vê!!! E o Sócrates, pá? coitado levou com a crise mundial...."
A maioria dos utentes tem mais de 50 anos. É madrugada e estão no Centro de Saúde com as mesams condições de atendimento do Burkina Faso...
Acho inacreditável, abro a boca preparo o discurso. Vou derretê-los!
Desisto. Não consigo.
Prefiro uma inaladela de Ventilan...
para a falta de ar!
Será isto a asfixia democrática da DRª Ferreira Leite!
1 canhotices:
O magnifico texto demonstra bem o teu sofrimento. Como gostava de ver a Ana Jorge nessa situação.
Espero que estejas bem melhor!
Um grande bj para ti e Carmen e rápidas melhoras.
GR
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