Há cinquenta anos, despediu-se dos pombos e do rio Almonda. A camisola amarela do Desportivo despida a custo, os amigos, o hóquei e os pombos, os pombos, ficavam.
Pisou o relvado. Olhou para o campo, as bancadas: como tudo era diferente do Almonda Parque. A cidade diferente da vila: ali não havia largo da botica, nem praça do peixe, e já não se jogava à bola pelas ruas.
A bola:
um pequeno toque, outro.
"deizem-me sonhar" - terá dito ? pela primeira vez, há 50 anos?
Iniciava a sua carreira gloriosa no Benfica.
Jogou, jogou, jogou até aos quarenta e poucos.
Voltou a pedir que o deixassem sonhar e levou a selecção nacional ao Mundial.
Num tempo em que o futebol vive dos milhões, o Zé Torres é o exemplo ainda vivo do futebol que vive da simplicidade dos sonhos. Tão simples comos as centenas de golos que marcou.
Tão simples, tudo tão simples, que descobriu tarde o quanto fora enganado nos descontos para a segurança social.
Foi do "Torres Novas" para Lisboa e daí para o Mundo:
para quando a devida homenagem pública, justa e na dimensão certa, ao bom gigante e à sua família? Uma homenagem que seria ela própria uma homenagem ao Desportivo que também vive dias dificeis!
O Zé Torres sabe, que os pombos voltam sempre. Desde que acarinhados.
Cinquenta anos depois, o sonho continua por aí.
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