Nestas Olímpiadas, houve um moço português que desabafou à comunicação social que de manhã estava-se bem era na caminha. Foi infeliz, mas sincero, prontos.
Já agora quantos portugueses que se indignaram conhecem ao menos a modalidade que o rapaz pratica?
Há coisas que não se pensam em voz alta: não.
Mas sejamos sinceros: Este país aposta no desporto? alguma vez apostou no desporto?
Vejamos isto de vários ângulos.
Há uma geração que nunca praticou desporto. Está na 3ª e 4ª Idade. A gente vê os nossos velhotes e geralmente o que vê: colunas tortas, pernas mancas, bocas desdentadas, uma infinita tristeza nos olhos...E a conversa? " O doutor não me manda fazer o Tac, já tenho aqui as minhas análises, vou pesar a minha atençaõ e se deus quiser vou amanhã para a caixa às quatro da manhã, para apanhar vaga com uma doutora que tá lá, que diz que é muito boa..."
Claro que os velhotes europeus também adoecem e morrem:
Mas quando os vejo por aí, dá-me sempre ideia que morrem com o ar saudável de quem praticou e ainda pratica desporto. E apostam numa vida saudável.
Entretanto os tempos mudaram. Mas há uma política desportiva neste país?! Olhem para a comitiva olímpica e o que vemos:
-ausência absoluta dos desportos colectivos;
-alguma organização no Judo ( para cuja prática basta um salão de baile de aldeia e uns colchões...);
-uns records na natação
- uns fogachos no atletismo ( fizeram-se não sei quantos estádios para o euro e ninguém se lembrou das pistas! incluindo em Alvalade onde dizem respeitar o Professor Moniz Pereira);
-uma triatleta excepcional (mas sem que haja uma verdadeira Escola que lhe dê continuidade, tal como sucedeu com o Atletismo com a Rosa Mota e Carlos Lopes)
e há o resto...
sendo que o resto é um conjunto de atletas e dirigentes, que viajaram até Pequim, e de repente se viram num mundo altamente competitivo e que verdadeiramente desconheciam - com as consequências indesculpáveis mas previsiveis :
deslumbramento! desresponsabilização! desconcentração psicológica!
Deve-se exigir mais. Indiscutivelmente.
Mas antes de pedirmos outra atitude aos nossos atletas, devemos ser totalmente justos!
Devemos exigir a quem nos governa que comece a pensar numa política desportiva a sério.Uma política desportiva que não se limite a atribuir bolsas olímpicas, assobiar para o lado e esperar que caia uma medalhita ou outra. E quando isso não sucede, paciência, vamos embora, venham outros, que o nosso já cá canta!
Queremos medalhas.Queremos medalhas!
As medalhas chegarão.
Mas não virão com o D. Sebastião - até porque consta que o moço virá pela manhã...
Elas só virão quando Portugal quiser apostar a sério no desenvolvimento cultural e desportivo do Povo. Quando a cultura e o desporto estiverem ao serviço do povo!
E curiosamente, nessa altura, quando essa época chegar, as medalhas serão um bem - mas o menos valioso de todos!
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