CANHOTICES

Em Torres Novas, na cooperativa metalúrgica Dopovo, nasceu no calor da revolução, pela acção dos seus operários metalúrgicos, que unidos se constituíram em Cooperativa e adquiriram legalmente em tribunal a falida Sociedade Industrial da Videla.
Foi um dos poucos exemplos nacionais de cooperativas de produção industrial e o seu nascimento apesar da legalidade foi um acto revolucionário relativamente pioneiro. A tal ponto que a própria RDP chegou a realizar uma emissão dedicada à cooperativa.
A sua constituição teve o apoio dos governos revolucionários de Vasco Gonçalves e de um jovem secretário de estado chamado...Carlos Carvalhas.
Os primeiros aniversários da cooperativa eram uma grande festa: Vinham aos almoços Carlos Carvalhas e José Barata Moura, de guitarra na mão, vinha cantar graciosamente para os filhos dos operários.
No inicio dos anos 80, passado o calor revolucionário, a cooperativa viu-se forçada por razões de mercado a mudar o seu nome para Grufer.
Sobrevivendo a inúmeras crises, a Grufer não resistiu à crise dos últimos anos do Cavaquismo, extinguindo-se.
Mas a para a história, fica o exemplo dos operários torrejanos que tomaram nas suas mãos os meios de produção e tiveram, naquela fábrica da Barreira Alva uma Escola de vida. Por razões de proximidade familiar com um dos fundadores da cooperativa,pouco mais acrescento. Este é um dos posts cuja escrita racional e isenta é dos mais dificeis que tenho feito.
Mas seria injusto não falar no Canhotices na Dopovo.