CANHOTICES

...em Torres Novas, Ribatejo, Portugal. Do lado esquerdo da vida.

21.11.06

Para a Esquerda Moderna, um pouco de História

Publicada por zemanel |


Era uma vez a revolução
João Mesquita, Grande Reportagem, 2/04/05


(...) Na noite de 18 de Dezembro de 1974, o semanário político Voz do Povo reservou o teatro Capitólio para uma sessão de apoio ao jornal, que começara a publicar-se cinco meses antes, sob a direcção do médico João Pulido Valente (...). Ao fundo do palco, um enorme pano clamando “democracia para os operários, repressão para os reaccionários” indiciava que algo mais se passaria.
Para que não houvesse dúvidas, outro pano colocado na sala exibia as fotos de Marx, Engels, Lenine, Estaline e Mao Tsé-Tung com os dizeres. “Marxismo-leninismo, doutrina sempre jovem e científica”.
Não foi preciso esperar muito para que as centenas de pessoas que enchiam o teatro confirmassem estar-se numa sessão muito especial.
Pelo palco já tinham passado José Mário Branco, entre outros cantores, e o coro da Juventude Musical Portuguesa, onde pontificava o actual crítico musical do Expresso João Lisboa.
De súbito toma a palavra um monitor da Lisnave e ex-simpatizante do PCP Eduardo Pires (...). “Como resultado de recentes contactos estabelecidos entre elementos de várias forças políticas que defendem a liquidação do capitalismo e o estabelecimento de uma democracia popular como primeiro passo na construção do socialismo construiu-se uma comissão promotora com vista à formação de um partido político, a UDP, para intervenção no período eleitoral que se avizinha”, informou Pires (...).
As “várias forças políticas” a que o orador se referia eram, basicamente, três grupos da chamada corrente marxista-leninista.
Todos tinham ido buscar inspiração ideológica ao cisma operado no mundo comunista dos anos 50 para os anos 60, entre a China de Mao (acompanhada pela Albânia de Enver Hoxha) e a URSS, e à consequente cisão com o PCP de Francisco Martins Rodrigues (apoiado por Pulido Valente), tempos depois.
Como inspirador da UDP (como, aliás, do jornal) pairava a figura tutelar de Martins Rodrigues (...).
O antigo dirigente do PCP, que já em Janeiro de 1960 acompanhara Álvaro Cunhal na sua célebre fuga (...), deveria ser o líder “natural” do movimento, mas a sua imagem estava definitivamente prejudicada pelo facto de, ao ser preso e torturado de novo pela PIDE, não se ter revelado tão corajoso quanto Pulido Valente.
Em 10 de Janeiro de 1975, Pires volta a estar na mesa do primeiro grande comício da UDP (...). Mas a intervenção de fundo é de Vladimiro Guinot, operário da General Electric: “Não há via pacífica para a tomada do poder”, garante. “As eleições são o momento em que o povo escolhe os homens que o vão oprimir e explorar no período de quatro ou sete anos seguintes.” Apesar disso e das resistências internas à ideia, a UDP disputará (...) as eleições para a Assembleia Constituinte (AC) de 25 de Abril de 1975.
Antes, a 9 de Março, a UDP realizara o seu primeiro congresso, no Montijo. José Mário Branco figura entre os 22 eleitos para a Comissão Central. António Peres Metelo, actual subdirector do DN, é outro. Pires, que não podia faltar nessa lista, ainda hoje se recorda de que os advogados Amadeu Lopes Sabino e Augusto Rocha percorriam o recinto do congresso à procura das cinco mil assinaturas necessárias à legalização do novo partido (...). “As pessoas acreditavam que estavam a fazer história”, justifica Pires, agora com 57 anos a aguardar a discussão do seu trabalho de fim de curso no IST.
É já a direcção eleita no Montijo que decide rejeitar o pacto entre o MFA (...) e os partidos, assinado em 11 de Abril de 75.
No primeiro sufrágio (...) a UDP alcança um feito até então inédito entre a chamada esquerda revolucionária europeia: a eleição de um deputado (...).
Pulido Valente (...) era o cabeça da lista (...). Mas o Avante causara a confusão (...) com a notícia de que o médico visitara o banqueiro Jorge de Brito em Caxias, onde fora encarcerado na sequência da tentativa de golpe da direita militar em 11 de Março. Era certo que (...) apoiara a família de Pulido Valente quando este pagara com a prisão a sua oposição ao salazarismo. Mas a época não se prestava a considerações sentimentais.
Isso e a glorificação do operariado, muito comum entre os maoistas, fizeram com que não fosse Pulido Valente a sentar-se no hemiciclo de S. Bento, mas sim o nº 2 da lista, o operário da Lisnave Américo Duarte.
Carlos Marques (...) foi um dos três homens destacados para assessorar o deputado (o outro era Manuel Falcão, actual director do canal 2 da RTP). (...)
No dia em que Duarte se estreou como deputado houve uma discussão interna sobre quem deveria cumprimentar quando entrasse no hemiciclo. Foi acordado que não estenderia a mão aos deputados do CDS (...).
Marques, (...) considera no entanto que “a cena mais complicada” (...) se verificou após a morte por afogamento, no Tejo, do militante do MRPP Alexandrino de Sousa, na sequência de confrontos (...) desse partido maoista rival. (...) Duarte foi recebido pelos colegas deputados aos gritos de “assassino, assassino!”.
Reacção tão inesperada nem quando Marques entrou em S. Bento em pleno cerco do palácio por milhares de trabalhadores da construção civil, no início de Novembro de 1975. Deparou-se com uma chusma de jornalistas que lhe pergunta de chofre: “É verdade que a UDP está a preparar a tomada do poder?”
Não estava, claro. O que a UDP preparava era a substituição de Duarte (...) por Afonso Dias, cantor e membro do Grupo de Acção Cultural, liderado por José Mário Branco. O que, por alegado desgaste do operário da Lisnave, aconteceria pouco depois dos acontecimentos de 25 de Novembro (...).
A UDP conservava uma desconfiança na AC tão grande quanto o empenhamento na intervenção extraparlamentar. Em Fevereiro de 1975 tivera papel determinante numa marcha contra a NATO e o desemprego, convocada por uma “comissão interempresas” onde pontificavam militantes seus como Pires e Manuel Monteiro, operário da cervejeira Cergal.
No 1º de Maio, promovera (...) uma manifestação alternativa (...).
E no fim desse mês apoiara a ocupação do posto emissor da Rádio Renascença, para colocar a rádio católica “ao serviço do povo”.
Em Agosto, posicionara-se activamente ao lado do chamado documento do COPCON (...). Monteiro foi um dos oradores da manifestação de 20 desse mês (...): “O MFA, que muitos teimaram ser a aliança e o baluarte mais seguro do povo, estala e divide-se, sendo uma da incógnita de que lado muitos oficiais colocarão as suas armas”.
Ainda em pleno “Verão Quente” de 1975, os militantes da UDP estão entre os assaltantes da Embaixada de Espanha (...).
Mais de 29 anos decorridos, a acção ainda provocará acesa controvérsia entre Pires e Cunhal, durante um debate realizado no IST, com o então líder do PCP a sustentar que, por causa dela, houve sérios riscos de intervenção militar espanhola em Portugal. Mas Pires ainda hoje não acredita nisso (...).
Na manhã de 26 de Novembro, o major de cavalaria Mário Tomé (...) está de prevenção no regimento da PM, de que é segundo comandante. Correm rumores sobre a iminência de um ataque por parte dos vencedores das disputas da véspera. Não por acaso, destacados militantes da UDP (...) tinham passado boa parte da noite (...) erguendo trincheiras.
Horas antes, o chefe da RML, Vasco Lourenço, telefonara ao comandante da PM Campos de Andrade, perguntando-lhe se estava com o Presidente da República ou com os pára-quedistas sublevados em Tancos. Andrade ter-lhe-á respondido: “Apoiamos as reivindicações dos “páras”, mas isso não é contraditório com a fidelidade ao Presidente”.
Insatisfeito, Lourenço mandara-o apresentar-se, com Tomé e o comandante operacional, no Palácio de Belém. Mas Andrade opta por convocar um plenário para a parada da unidade, onde estão umas duas mil pessoas entre militares e civis.
Durante a sua intervenção, o regimento da Amadora ataca. Ao fim de dez minutos de troca de tiros, há a registar três mortos: dois do lado dos Comandos e o aspirante miliciano Albertino Bagagem, militante da UDP. Logo a seguir, os três responsáveis da UDP apresentam-se na PR, de onde são conduzidos à cadeia.
Em finais de Janeiro de 1976, Tomé é transferido para o presídio militar de Santarém (onde também está Otelo), sendo libertado em 23 de Abril, sem qualquer acusação judicial. Ainda sai a tempo de integrar a Comissão Política da candidatura de Otelo às presidenciais de Junho, que conta com o apoio da UDP. Mas muita coisa mudara no País.
Não tanto, ainda, na UDP, com que Tomé colaborava praticamente desde a sua fundação.
Em 25 de Novembro, além de Bagagem, a UDP perdera outro militante às mãos dos Comandos: Joaquim Leal, morto quando distribuía comunicados junto à estação da Amadora – e isto porque a UDP decidira furar o estado de sítio decretado por Costa Gomes, tendo mesmo lançado durante a sua vigência o jornal A Voz do Nosso Povo (...).
Em 17 de Dezembro, Dias ocupava o lugar de Duarte como deputado. Uma das últimas intervenções parlamentares do ex-operário da Lisnave (...) foi em solidariedade com o povo de Timor-Leste (...). Então já os dirigentes da Fretilin (...) usavam a sede da UDP (...), para as suas reuniões.
Nos dias de transição para 1976, os grupos ML que estão por trás da UDP fundem-se no congresso de fundação do PCP (R), (sendo o “R “ de “Reconstruído”, já que as ambições destes militantes, intitulando-se de “comunistas autênticos”, sempre foi tomar o lugar do “revisionista” partido de Cunhal) realizado no maior secretismo num ginásio do Chiado.
José Caiado, um operário de Alhos Vedros, cunhado de Pires (...) é eleito primeiro-secretário do novo partido. Martins Rodrigues, António Carriço, actual administrador da Portugal Telecom, e Frederico de Carvalho, hoje jornalista do Expresso, são os restantes membros do Secretariado.
Exilado em Paris, Diógenes Arruda, célebre dirigente do PC do B (...), acompanha de muito perto o processo. Em princípios de 1976 instala-se mesmo em Lisboa e passa a participar nas reuniões de cúpula do PCP (R).
Em Abril, lança o “processo de revolucionarização e proletarização”, que leva ao afastamento de Martins Rodrigues e outros (...). É criada uma comissão de inquérito ao porte na cadeia durante a ditadura. José Martins, um electricista (...) é promovido a primeiro secretário.
“O Vinhas (pseudónimo de Arruda) mandava nisto, e toda a gente se rendeu a ele, impressionada com o facto de ter sido amigo de Estaline”, recorda Monteiro, hoje (...) comerciante de produtos higiénicos.
A 25 de Abril desse ano realizam-se as primeiras eleições legislativas (...). A UDP (...) embora perca votos em Lisboa, mantém o deputado. Este passa a ser Acácio Barreiros (...). Era um dos mais destacados activistas estudantis do IST, organizado num grupo que incluía (...) Mariano Gago. (...)
Cinco dias depois das legislativas, Otelo anuncia a sua candidatura a Belém. (...)
Sendo a UDP a organização frentista do PCP (R), as duas entidades confundem-se frequentemente. Em 18 de Abril de 1977, a Praça de Touros do Campo Pequeno enche-se para um comício do PCP (R) onde se apresenta uma delegação do Partido do Trabalho da Albânia. O evento surge a pretexto do II Congresso (...) que contrapõe o “25 de Abril do Povo” à “democracia burguesa”, lança a palavra de ordem “Os ricos que paguem a crise” e consagra Pires como seu novo líder. (...)
Quando em Março de 1979 (...) se realiza o III Congresso do PCP (R), consuma-se uma primeira cisão no partido.
Quatro dirigentes são expulsos sob a acusação de “fraccionismo” e “direitismo” e com eles solidarizam-se Carriço e João Carlos Espada, hoje um cronista pró-Bush, que então dirigia a Voz do Povo.
Mais umas centenas, incluindo quase todo o sector estudantil, Barreiros e a maioria dos redactores da Voz do Povo, a começar por José Manuel Fernandes e Nuno Pacheco, hoje, respectivamente, director e director adjunto do Público, demitiram-se ou foram afastados (...).
Pires (...) assume a sua quota-parte de responsabilidade no processo de ruptura: “Não tive flexibilidade. Foi uma manifestação de esquerdismo infantil” (...)
O congresso ratifica a linha dos conclaves anteriores, respondendo à cisão com uma campanha de recrutamento (...) a que é dado o nome de “Promoção Estaline”. Com base nela, o PC(R) – assim se passou a chamar, assumindo por fim a condição de partido legal – chegou a atingir quatro mil membros. E a UDP perto de 20 mil. Mas Arruda morria pouco depois. Pires era substituído por (...) José Alves (...). E Monteiro passava a suplente do Comité Central.
Ainda assim, foi ao ex-operário da Cergal que coube substituir Barreiros na AR quando este foi afastado. Monteiro apresentou-se como “um soldado do proletariado” (...) zurziu forte e feio no programa do Governo de Maria de Lurdes Pintasilgo, cuja candidatura presidencial a UDP seria o único partido a apoiar sete anos depois.
Mas Monteiro não se mantém muito tempo em S. Bento. Inicia ele próprio um processo de afastamento que culminará num artigo publicado no semanário O Jornal em 1991, apontando a evolução da Albânia como exemplo “do fim das revoluções populares”. O Bandeira Vermelha, jornal oficial do PC(R), responde-lhe: “Os Monteiros passam a Albânia socialista continua” (...).
Em Dezembro de 1979 (...) Tomé é o novo rosto (...) na AR (...).
A UDP apoia a segunda candidatura presidencial de Otelo (...). Todo o Secretariado saído do III Congresso do PC(R), entra em crise.
Um dos seus membros, Amadeu Ferreira, que chega a substituir Tomé no hemiciclo (...) abandonará mesmo o partido pouco depois.
E Carvalho acabará por aderir ao PCP em meados dos anos 80. “Fiquei sem pinga de sangue” conta Pires acerca da reunião pedida ao Secretariado pelo futuro jornalista para defender que “a clivagem dos anos 60 no movimento comunista internacional tinha sido um logro”.
É certo que no seu IV Congresso a UDP consegue recuperar para o Conselho Nacional nomes como Branco, o pianista Jorge Moyano ou o jornalista José Manuel Rodrigues da Silva (hoje no JL). Tal como consegue reeleger Tomé (...) em Outubro de 1980. Mas torna-se cada vez mais evidente (...), que a táctica do “25 de Abril do Povo” impedia “a definição de uma política correcta”.
No IV Congresso do PC(R), em Março de 1983, tornam a manifestar-se divergências. Martins Rodrigues encabeça um grupo que entende estar o mal do partido (...) em ser “centrista” (...).
Em Dezembro de 1984, após a expulsão de três dirigentes eleitos no congresso, já o grupo afecto a Martins Rodrigues está fora do partido, a fundar a (...) PO.
Na nova cisão desempenha algum papel a coligação constituída entre a UDP e o PSR (...) para as legislativas de 1983 (...). A PO sustenta que com a coligação se “privilegiaram os acordos por cima, em detrimento da acção revolucionária por baixo”. (...)
Hoje ninguém faz um balanço positivo da aliança, que aliás se salda na perda do deputado (...). Pires acha que o acordo foi “oportunista” (...) Marques que o entendimento “surgiu fora do tempo”.
Pôr-se a par “do tempo” bem poderia, aliás ser a palavra de ordem saída do VI Congresso da UDP, em Fevereiro de 1984 (...). O partido apoia Soares na segunda volta das presidenciais de 1986 (...). Nesse ano, o V Congresso do PC(R) (...) reafirma o apoio à Albânia.
“Liberdade e bem estar” é a consigna saída do VII Congresso, em Março de 1987, onde é eleito Tomé (...) para secretário-geral (...).
Mesmo depois de resultados desastrosos nas eleições europeias de 1987, o VIII Congresso da UDP mantém a linha do “Sim a Portugal” (...) Luís Fazenda ascende aqui ao Secretariado.
Em Junho de 1989 (Fazenda) é o protagonista da candidatura da UDP nas novas eleições para o PE (...). Seis meses depois, por via da integração (...) na coligação de esquerda (...) para Lisboa, é eleito deputado municipal.
Pires continua a ser (...) o homem forte do PC(R). Quando o Secretariado (...) discute as presidenciais de 1991, o seu nome é aventado. (...) Mas tem outra ideia, que é aprovada: Carlos Marques. (...)
Na Madeira, Alberto João Jardim convida-o para almoçar (...) e Marques vai. Durante a campanha, apresenta-se sempre de fato e gravata (...). Com os 2,8% obtidos nas urnas, o antigo presidente da Juventude Universitária Católica, alcançou uma marca recorde. (...)
Em 1991, Tomé está de volta à AR, (...) como deputado independente eleito pela CDU, por via de um acordo entre a UDP e o PCP (...).
Nas legislativas de 1995, onde não elege ninguém, a UDP volta a concorrer sozinha, desta vez chamando às listas gente como Mário Viegas e Dórdio Guimarães (...).
O mesmo acontecera aliás nas europeias (...) onde Marques não consegue igualar os resultados das presidenciais, ficando mesmo atrás do MRPP. E até nas presidenciais de 1996 (...) a UDP apresentara (...) Alberto Matos (...).
A regra só não se aplicou nas autárquicas de 1993, onde (...) tornou a apoiar Sampaio (...), conseguindo eleger dois militantes na AM (...) .
Mas então (...) o PC(R) transformara-se em associação política, no congresso de Junho de 1992. Fazenda substituíra Pires à frente da novel associação, Comunistas pela Democracia e Progresso (CDP), a Albânia (...) é criticada, bem como o estalinismo.
Nas autárquicas de 1997, a UDP (...) conserva os dois deputados municipais em Lisboa ao integrar a candidatura de João Soares contra o PSR e o grupo Política XXI, coligados (...).
Em Julho de 1998, no XII Congresso da UDP, Fazenda (...): “Do PS não podemos esperar nada. Do PCP não ficamos à espera”. A via para o BE (...) está aberta (...)
Como confirmam os documentos para o XVII Congresso (...) que marca a sua evolução de partido para associação política, a UDP continua a reclamar-se de (...) comunista. Mas Pires que teme cada vez mais a diluição no BE, continua insatisfeito. Monteiro ainda mais: “A UDP caiu no mais completo cretinismo parlamentar” (...).

1 canhotices:

MR disse...

Post de 5 estrelas, que recolha tão deliciosa! Obrigado!

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