CANHOTICES

...em Torres Novas, Ribatejo, Portugal. Do lado esquerdo da vida.

29.6.06

...do AVANTE!

Publicada por zemanel |


...porque nada vi na Imprensa Regional.


"Colóquio sobre Polje de Mira/Minde«Sem água não há futuro»
Cerca de uma centena de pessoas participou, sábado, num colóquio de esclarecimento, organizado pelo PCP, acerca do Polje de Mira/Minde e a sua importância geológica e ambiental na circulação das águas da zona.
Da iniciativa, que se realizou no Cine-Teatro Rogério Venância, «saltaram», desde logo, várias interrogações: «o que é?», «como se formou?», «qual a sua importância», «como protegê-lo?», e «como valorizá-lo?». «Vamos perceber como circula a água no nosso subsolo. Quanta água temos debaixo de nós. Como vem cá parar. Como sai daqui. E a água? não exclusivamente esta que passa por cá. A água em geral. Esse bem tão precioso. Como mante-la pura e cristalina. Como mante-la pública. Como defendê-la no futuro para todos», afirmou-se, a abrir os trabalhos, informando que se pretendia «alertar consciências, sensibilizar a população para a valorização do nosso património cultural, possibilitar a aquisição de conhecimentos científicos para melhor compreender, amar e respeitar a terra em que vivemos».
José António Crispim e Costa Almeida, ambos professores universitários, intervenientes no colóquio, explicaram que o Polje de Mira/Minde é o maior da área do Maciço Calcário Estremenho, com quatro quilómetros de comprimento e 1800 metros de largura máxima. Durante o verão, a «mata», como é conhecido, apresenta plantações de olival e árvores de fruto enquanto que, no inverno, desaparece por debaixo de um lago que, em alguns locais, chega a atingir uma profundidade de oito metros.Uma das propriedades dos solos calcários é o facto de não reterem a água. Toda a precipitação é imediatamente absorvida. Aqui podem distinguir-se três camadas ao nível do solo e subsolo. A primeira, constituída pelo solo e parte superior do subsolo, sempre seca, passada a época das chuvas. A segunda é uma zona intermédia, no subsolo médio, já a uma considerável profundidade e que consegue reter alguma humidade nos estios. Finalmente, a terceira, sempre com água, de onde exsurge e que irá alimentar nascentes naturais de fontes e rios.Sendo o principal responsável pelas águas que brotam das nascentes do Alviela e do Almonda, também estas as maiores nascentes de Portugal, para os comunistas, o Polje de Mira/Minde é um património natural admirável e que deve ser preservado.
Contra a privatização da água
A temática da defesa da qualidade da água como bem essencial e que deve estar no alcance de todos foi outro dos temas debatidos. Em causa, entre outras, está o facto de uma grande multinacional do ramo turístico querer adquirir o Polje com a finalidade de criar um grande lago artificial, construir vários hotéis e uma ligação por teleférico entre a Serra de Aire e o Covão do Coelho. Segundo informações apuradas anteriormente, a mesma multinacional pretende ainda criar um grande campo de golfe, para dar apoio a todo o complexo turístico. Neste sentido, Valdemar Braz, em nome de Luísa Mesquita, deputada do PCP, que não pode comparecer no colóquio por motivos de doença, apelou à população para que participe na próxima Assembleia Municipal, que se realizará amanhã, sexta-feira, às 21h00, e onde será apresentada uma proposta para a privatização da água do concelho de Alcanena. «Aqueles que votaram no PS, no PSD, no CDS-PP, deveriam pedir responsabilidades aos seus eleitos», afirmou o dirigente comunista, salientando que «não deveria ser permitido, um bem que é de todos, que ninguém fabrica, poder ser apropriado por alguém. Não temos nada contra a iniciativa privada, aliás, nós somos os principais defensores da propriedade privada, desde que seja obtida através do trabalho».Informou ainda que no dia 27, anteontem, iria ser debatida, na Assembleia da República, uma petição sobre a despoluição da Bacia do Alviela.Defender as gerações futurasCarlos Pedroso, director do departamento de Obras e Ambiente da Câmara Municipal de Sines e membro fundador da Associação Água Pública, outro dos intervenientes no colóquio, exigiu, também e por seu lado, uma política da água que assegure as suas funções sociais, ecológicas e económicas.«Porque sem água não há futuro», denunciou ainda a Lei da Água, publicada em Dezembro de 2005, que prevê a transformação do domínio público da água em mercadoria que o Governo passa a ter a possibilidade de «vender». Prevê, igualmente, a possibilidade de criação de uma «bolsa de valores de água», que permitirá a venda dos títulos de utilização e o consequente desregramento de um sector fundamental, que passará assim a ficar à mercê dos interesses económicos do momento e não ao serviço do ambiente e dos interesses das populações.Neste sentido acusou os sucessivos governos de «lesar gravemente» os portugueses, através de uma política da água que apenas visa ao favorecimento de interesses privados e que só pode conduzir ao domínio desde sector vital por transnacionais estrangeiras. Apelou ainda às populações, a todas as instituições e organizações para travarem esta política e exigirem a sua alteração no sentido de garantir a todos o direito à água."
in o AVANTE! de 29 Junho 2006

Subscribe