CANHOTICES

...em Torres Novas, Ribatejo, Portugal. Do lado esquerdo da vida.

7.5.06

PAINEL GIL PAIS - 67 ANOS

Publicada por zemanel |


Torres Novas, em 7 de Maio de 1939 (67 anos!) foi inaugurada a fonte da Praça 5 de Outubro (cuja Bica -a carranca de bronze- foi trabalhada na Casa Nery, por um torneiro chamado Gualdino) e o simbólico painel de Azulejos alusivo ao feito de Gil Pais, da autoria de Jorge Colaço. O Painel é hoje um símbolo de Torres Novas que teve a sorte de ser feito por um excelso artista já no final da sua vida...
Neste tempo em Torres Novas, as obras de arte eram devidamente arrumadas e enquadradas na paisagem urbana. O prestígio do autor - no caso um importante ceramista português- não era suficiente! A Qualidade da obra jogava com o enquadramento urbanístico. Ou seja a arte urbana era dignificada como tal e não tratada como uma coisa que se arruma por aí numa rotunda ou num largo qualquer, ao calhas, como parece suceder hoje.
Ainda hoje, subir a pé para o Castelo, pela Praça 5 de Outubro, obriga-nos a parar e a contemplar o feito de Gill Pais. Façam a experiência: Vão subindo e digam lá se não sentem que vão sendo acompanhados por Gil Pais, do alto da Torre do Castelo. O declive, a bordadura, os próprios canteiros, servem para relevar a obra e não torturá-la numa amálgama de elementos. Sente-se a harmonia e aprecia-se a obra!
Hoje em Torres Novas, coloca-se uma obra de Cutileiro! ( o "monumento ao operário") e primeiro é para ir para uma rotunda, depois não vai, arruma-se ali num canto à saída de uma ponte, na tal rotunda em frente mete-se uma máquina da Nery, com o viaduto logo ali, as bombas de gasolina em frente e os carros a passar-lhe ao lado e no fim, tudo aquilo parece é um monte de pedras mal amanhadas! "Aquilo" é uma obra de Cutileiro. Pode-se gostar ou não - mas de certeza que se o enquadramento fosse outro a apreciação sobre a obra poderia ser outra. Afinal mal se consegue apreciá-la... ( quanto ao processo que deu origem à obra e ao seu custo é outra conversa)
Ou então reparem na obra de azulejos do torrejano Luís Filipe Abreu, também ele um prestigiado artista plástico português. Em 1990, nas comemorações dos 800 anos do Foral, a Câmara encomendou a este artista um Painel, que viria a colocar na Praça.
Alguém repara na beleza daquela obra? Está cá em baixo, onde passam os carros. O seu tamanho é inadequado ao local - Só é visivel, na sua totalidade junto ao Totta e, isso quando não passam carros. A inclinação do muro é incompatível com a "quadrimetria" do painel. O branco da parede confunde-se com o branco dos azulejos. Não há uma moldura destacando a obra da parede.
Por outro lado, há uma confusão de elemntos urbanos que fazem perder a obra: É a palmeira, a escadaria da Misericórdia, o painel de Gil Pais em cima, os carros estacionados, enfim uma confusão urbana. Foi "posta" ali. Como poderia ter calhado outro sítio. Assim ao calhas ou por palpite...Ou pelo menos parece!
Puseram para ali um painel, como poderiam ter posto outra coisa!!
Façam uma experiência: Quantos torrejanos já olharam para o Painel do Professor Luis Filipe Abreu? Quem o sabe descrever?
Ter arte urbana é mais que arrumá-la por aí pelas paredes e pelos cantos que vão sobrando. É enquadrá-la e valorizá-la. Como se fez nos anos 40 com o painel de Gil Pais.
Esta é pelo menos a opinião de um leigo em arte. Concordam? Não?

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