CANHOTICES

...em Torres Novas, Ribatejo, Portugal. Do lado esquerdo da vida.

5.6.07

Ora BE 1

Publicada por zemanel |

Não gosto de falar do BE - parece que quando falo estou a entrar numa competição. Falso: Falo do BE como falo do CDS, do PPD e do PS.
O Blog "31 da Armada" cobriu a convenção do BE. Foi o primeiro blog a fazê-lo. É desse blog (insuspeito de ser pró PCP) que retirei algumas pérolas que revelam o carácter do BE ( os destaques a negro saõ meus):

"Do outro lado, os moderados. Eles sabem que é possível chegar ao poder e que o caminho para o poder está no centro. Eles também sabem que vem aí a redução do número de deputados e talvez os círculos uninominais que fará com que o Bloco perca influência. O tempo urge: “é entre quem votou no PS que está a base social de esquerda com o qual temos de falar”, disse Daniel Oliveira no seu discurso acrescentando que o Bloco não pode ser “a extrema esquerda com um lifting”. Se o bloco falar a linguagem dos eleitores do PS então estará pronto para exercer o poder acompanhando o PS.
É por essas e por outras que Daniel Oliveira está de saída da direcção. Social democratizou-se. Daniel Oliveira, e muitos outros, vão fazer o caminho que Jorge Sampaio, Pina Moura ou Barros Moura também fizeram antes. E não é mau caminho. Uns chegam a presidentes da república. Outros a administradores da Media Capital. Portugal não é a Roma antiga. Por cá o arrependimento sempre foi recompensado.
O Bloco ficará com Louçã e os seus PSRs. Vai perder graça."


" É geografia, é um sítio onde estar, ao sabor do tempo. Enquanto o PC não muda porque existe há demasiado tempo para mudar, porque aquilo que pensa, pensa-o há muito tempo (talvez por isso às vezes se compare – com leviandade, mas percebo a intenção – à igreja. No fundo, por ser institucional na acção e nos procedimentos) – o Bloco é mutação. Não tanto por aggiornamento, mas porque o BE (o da maioria) só faz sentido se estiver up-dated com o ar do tempo. É por isso que não falam de operários, é por isso que se apresentam como sendo essencialmente urbanos, é por isso que há lá mais “gente conhecida” do que no PCP. Ontem alguém dizia que o BE é uma espécie de dissidência dos intelectuais, fartos de aturar o operariado e o campesinato. Claro que também os têm – até têm coisas bem piores (isto é uma brincadeira de linguagem, eu não acho que ser operário ou camponês seja mau, mas à cautela convém explicar, anda por aí muita literalidade – e claro que não será isso, mas percebe-se o argumento: o BE é a esquerda sem o povo de esquerda. É um alívio. O eleitor urbano e burguês – eu sempre quis escrever burguês – vota BE da mesma maneira que separa o lixo: tranquiliza a consciência na convicção que fez o correcto para que o mundo fosse melhor. E de que isso é o suficiente. O pequeno gesto. E é exactamente por isso que o BE e os seus apoiantes são tão moralistas. Eles fazem o correcto. De secessão em secessão, de dissidência em dissidência, eles são sempre o caminho limpo, o bem – não arcam com memórias dos erros, não carregam a história porque se afastaram sempre entretanto (não respondem pelos erros do comunismo, pela Albânia ou seja pelo que for) – e, sobretudo, sabem que aquilo não é bem para levar a sério. Ninguém vai agora nacionalizar a banca, fechar as televisões privadas ou sair da UE. Assim como ninguém deixa de consumir e de fazer lixo. Mas se o separar no ponto verde alivia a consciência. Aposto como a maioria dos eleitores do BE nem sabe o que o BE é, pensa ou tem escrito nos seus textos. O que é uma pena. Seriam muito menos, de certeza."

"O bloco é um “partido jovem, moderno e dinâmico”. O bloco até pode ser tudo isso mas olho em volta e vejo algo bem diferente. A diferença entre o que aparece na televisão e as bases desta convenção é coisa imensa.

Ao contrário do que podia imaginar a média de idades não é pequena. Pelo contrário. Aqui de cima vejo muitas mulheres. Muitas. Vejo muitos cabelos brancos. Muitos. Gente “normal” que encontramos todos os dias nas repartições e nas escolas. São muitos funcionários públicos. Muitos. Esta tipologia obviamente influencia todo o discurso.

Os jovens que são as bandeirinhas do partido activista militante estão arrumados a um canto. Eles são os bloquistas de primeira geração. Mas a sala é composta maioritariamente de bloquistas de segunda geração ou mesmo de terceira geração. Quer isto dizer que quase todos já estiveram noutro partido antes. Ou em mais do que um partido. "

"em conversa com os bloquistas tenho por vezes a ideia que mais que o ódio ao capitalismo une-os o ódio ao partido comunista. "



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