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...em Torres Novas, Ribatejo, Portugal. Do lado esquerdo da vida.

19.2.07

do JT

Publicada por zemanel |

PCP apela aos autarcas e população que se manifestem

O relatório final de reestruturação da rede de serviços de urgências foi conhecido em Janeiro. A proposta continua a ignorar o Centro Hospitalar do Médio Tejo como um todo e prevê a centralização da urgência médico-cirúrgica em Abrantes e a desqualificação das urgências de Torres Novas e Tomar para urgências básicas. As propostas alternativas apresentadas na fase de discussão pública não surtiram qualquer efeito. O PCP veio mostrar-se contra esta decisão e apela às populações afectadas que não se conformem.


A direcção regional do PCP realizou na segunda-feira, dia 12 de Fevereiro, em Torres Novas, uma conferência de imprensa para denunciar a situação que, acredita, irá afectar as populações do Médio Tejo. O médico José Vaz Teixeira esteve acompanhado por Fernanda Duarte e Manuel Ligeiro.
A decisão final, ainda não oficialmente aprovada pelo ministro da Saúde Correia de Campos mantém a proposta inicial de instalar em Abrantes a urgência médico-cirurgica e em Torres Novas e Tomar urgências básicas.
Na prática, as populações que recorrerem aos hospitais de Torres Novas e Tomar terão à sua espera dois médicos, que ainda se desconhece se serão médicos de clínica geral ou especialistas, dois enfermeiros (actualmente a urgência de Torres Novas tem sempre cerca de 38 enfermeiros em serviço) e um auxiliar de acção médica. Ou seja, ficará ao nível de um centro de saúde.
A medida só deverá ser aplicada na prática a partir de Junho, de acordo com palavras do Ministro da Saúde, citadas por Fernanda Duarte, secretária da direcção regional do PCP. Uma boa calendarização, ironizou a representante comunista, uma vez que essa será altura de férias dos portugueses e época de menor atenção a questões essenciais, como é o caso.
Para o PCP, esta proposta é prejudicial para a maioria da população que o Centro Hospitalar serve, inclusive para a população de Abrantes que, se à primeira vista parece sair beneficiada, será muito prejudicada "quando caírem nas urgências os utentes de todo o Médio Tejo".
Na base da crítica a esta proposta, o PCP aponta o facto de se estarem a concentrar os cuidados urgentes numa zona periférica do Médio Tejo e no hospital que, dos três, é o que apresenta piores acessos.
Esta dificuldade de acesso poderá colocar em risco a vida do doente, como escreve o PCP num documento que irá distribuir ainda esta semana pelas populações prejudicadas, uma vez que "66 por cento da população dos 15 concelhos abrangidos terão os cuidados urgentes mais longe e os outros 34 por cento terão filas de espera mais longas".
A mesma força política acredita ainda que o Hospital de Abrantes não tem capacidade para responder à actual procura de cuidados urgentes.
A média de casos que acorrem às três urgências do centro, rondam, actualmente, as 500 urgências por dia. Ou seja, mantendo-se a média, a urgência do hospital de Abrantes terá de ter capacidade de resposta, sozinha, para 500 casos diários de urgência.
Se a justificação para concentrar urgências passa pela necessidade de resolver problemas financeiros, o PCP adianta ainda que esta proposta não só complica a vida dos doentes, como não apresenta qualquer solução para questões financeiras e de gestão do centro.
De acordo com Manuel Ligeiro, ex-administrador hospitalar e membro da direcção regional do PCP, esta é já uma proposta antiga: "É uma proposta de 1998, apenas com nomes diferentes e não é por mero acaso que nunca foi colocada em prática. É irrealista".
Por estas razões e muitas outras, o PCP continua a dizer não a esta proposta e adianta que continuará a lutar para que não entre em vigor.
Para tal, o Partido Comunista apela a toda a população que não se conforme e que se mostre contra esta medida que irá prejudicar os 15 municípios.
O PCP apela especialmente aos autarcas dos municípios visados, que defendam a saúde das populações.
Recorde-se que a proposta inicial do governo PS teve uma fase de discussão pública, durante a qual a Câmara e a Assembleia Municipais de Torres Novas, em unanimidade, se mostraram contra a medida e redigiram uma proposta alternativa que foi enviada ao Ministro da Saúde.
Também outros municípios tiveram posições semelhantes. Acções estas que não surtiram qualquer efeito, uma vez que o governo manteve a proposta inicial, sem ter tido em conta os alertas dos governantes locais.
A proposta do PCP, tal como a dos restantes autarcas locais, passa por considerar o Centro Hospitalar do Médio Tejo, enquanto entidade única, como um Serviço de Urgência Médico-Cirugico, uma vez que preenche todos os requisitos para tal e defende que caiba ao conselho de administração do centro "organizar as urgências de acordo com as valências existentes nas três unidade".
Na base desta proposta está o facto de o PCP reconhecer que nenhum dos três hospitais está, actualmente, capaz de receber o funcionamento de toda a urgência.
A especialidade de oftalmologia, por exemplo, com o serviço de intervenção e serviços complementares, está actualmente sedeada no Hospital de Tomar e o serviço de cardiologia em Torres Novas. A verificar-se a centralização da urgência em Abrantes, terá de se reequipar o hospital, de forma a dar resposta às situações de urgência.
Esta complementaridade desejada pelo PCP será possível, de acordo com Manuel Ligeiro, se houver boa organização das três unidades, nomeadamente ao nível dos transportes e tele-medicina.
O PCP promete não deixar de lutar para evitar que a proposta avance, terminou Fernanda Duarte: "Vamos tomar posições nos órgãos institucionais e alertaremos e incitaremos a população para que se manifeste contra esta medida. Apoiaremos as iniciativas da população, mas gostaríamos de resolver isto antes por negociações".
Inês Vidal


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