sexta-feira, 14 de abril de 2006

...porque é Abril 6



O Comum da Terra
(A Vasco Gonçalves)
por Eugénio de Andrade
Nesses dias era sílaba a sílaba que
chegavas.
Quem conheça o sul e a sua

transparência
também sabe que no verão pelas veredas
da cal a crispação da sombra caminha

devagar.
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa

remendada.
Habitavas a terra o comum da terra, e a

paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse eras tu: inclinação da água. Na

margem
vento areias mastros lábios, tudo ardia.

14 de Maio de 1976

Sem comentários:

Enviar um comentário