CANHOTICES

...em Torres Novas, Ribatejo, Portugal. Do lado esquerdo da vida.

8.5.10

Quinhentos

Publicada por zemanel |

Passou uma semana desde que em Torres Novas se realizou a Festa Quinhentista comemorativa dos 500 anos da entrega de Foral Novo a Torres Novas por D. Manuel I.
Assente a poeira julgamos ser tempo de fazermos uma análise séria, fria e objectiva sobre o evento.
Foi um fim de semana diferente para a Cidade de Torres Novas? Foi pois.
Só um sectário criticará este evento organizado  e isso é  reconhecido.
Esta Festa Quinhentista, com uma excelente divulgação, trouxe ao centro da cidade de Torres Novas milhares de visitantes.
O centro histórico da cidade voltou a ter vida e a ser vivido, para felicidade de quem lá habita, trabalha ou tem o seu pequeno  comércio.
Por outro lado esta Festa envolveu muitos torrejanos - individualmente ou através das colectividades e isso é igualmente meritório.
Tantas vezes dissemos, que não basta fazer dos torrejanos espectadores ! Há que fazer da população gente produtora de cultura.
Este evento demonstrou à saciedade o valor e a riqueza que o Património imaterial podem trazer ao desenvolvimento das cidades. Rrelembrou-nos a importância da sua recolha, defesa e valorização. Tal como recomenda a Unesco.

Mas a Festa Quinhentista confirmou uma realidade que muitos quiseram ignorar durante anos a fio. O desenvolvimento das cidades, a sua afirmação, a sua diferença faz-se pela valorização e divulgação do seu património único e particular.
As comemorações do Foral novo de 1510 traduzem a derrota definitiva da ideologia rotundismo-palmeirista que tem dominado o governo do concelho desde os anos 90 do século passado.
Felizmente, que o quadro comunitário de apoio  exige a realização de actividades deste âmbito. Seria bom que alguém metesse a mão na consciência e reconhecesse que não há  rotunda, avenida ou palmeira que tenha trazido a Torres Novas uma décima parte das pessoas que visitaram à boleia de D. Manuel I o nosso centro histórico, a praça e o castelo.
Ninguém visita cidades para visitar rotundas e palmeiras. Isso é válido em qualquer parte do mundo e portanto...Pode-se gostar de andar em avenidas de duas faixas, mas verdairamente isso não acescenta valor e riqueza ao território.
Mas já se visitam as cidades onde acontecem coisas - sobretudo se essas " coisas" forem únicas, interessantes, lúdicas e ocorrerem em espaços historicamente apropriados. "Coisas" como a vinda de D Manuel I a Torres Novas quinhentos anos depois! E se os locais participarem nas "coisas" como verdadeiros construtores, todos ganham a aposta!
Esqueçam o rotundismo-palmeirista! ... metam a mão na consciência e recordem-se que  há por aqui um rio Almonda ( sim, ainda é possível aproveitá-lo, mesmo com os ataques sucessivos que vem sofrendo); um património arqueológico notável ( que vai da Gruta do Almonda, às Grutas de Beselga até à Villa Cardílio); uma reserva natural do Paúl do Boquilobo; um Parque Natural da Serra de Aire; Lagares e Moínhos abandonados; um museu agrícola de Riachos; a Benção do Gado em Riachos; a Casa Humberto Delgado e as Enguias de Boquilobo; um paque natural / selvagem único que ocupa as freguesias de Santa Maria, Brogueira e Riachos; Vargos; Lapas e muito, muito mais...sendo certo e seguro que tudo isto pode trazer gente, valor e riqueza à nossa terra: saibamos ser dignos desta herança que recebemos.
Há quem defenda este modelo alternativo de desenvolvimento local há muitos anos. Há quem teimosamente tenha lutado coerentemente contra uma política de desenvolvimento que desperdiçou muitos anos e milhões de euros na popaganda da Capital do Empresariado, a prometer golfes, e resorts de massagens, Hóteis, Torres de milénios, Portas Nortes, Casas da literatura, e apenas floresciam tristemente as rotundas e as palmeiras. Foram demasiados anos perdidos. Bastou uma bem organizada Feira de época ( junto ao castelo e à praça 5 de outubro que tiveram obras de beneficiação - sejamos correctos) para  o contraste com o rotundismo em que temos vivido ficar bem evidente. No entanto duvidamos que do poder instalado, alguèm torça o braço.
Recordamos, inevitavelmente, Jorge Sampaio que alertou um dia em Torres Novas: " O desenvolvimento não são apenas rotundas."
Diríamos mais:
de uma coisa à outra, são outros quinhentos!

2 canhotices:

Anónimo disse...

Que estreiteza de visão, santo Deus...

zemanel disse...

????!
Que estreiteza?????

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